São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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Conferência esbarra em falta de modelo

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresários, economistas, universitários e artistas reuniram-se ontem na Oca do parque Ibirapuera para discutir políticas públicas e privadas de um setor que responde atualmente por 7% do PIB mundial: a indústria criativa.
Evento prévio à Unctad, conferência promovida pela ONU em São Paulo entre os dias 13 e 18, o encontro teve como objetivo apresentar e debater propostas de integração entre três atividades até há pouco distantes entre si: arte, comércio e tecnologia.
"Não temos ainda o modelo apropriado. Estamos procurando por ele", disse a economista Zeljka Kozul-Wright, consultora do Programa Especial para os Países em Desenvolvimento, da Unctad.
Por lidar com valores intangíveis, o modelo, concordaram todos, não deve ser o mesmo que o das indústrias tradicionais. "O investimento em indústrias criativas é um investimento de risco", apontou Stuart Cunningham, diretor do centro de pesquisa de indústrias criativas da Universidade Queensland, na Austrália. Risco esse que precisa ser corrido pelo Estado ou pelos empresários, que se beneficiam de leis de incentivo para o investimento em cultura.
A ausência de outro "modelo", o de organização, prejudicou a dinâmica do encontro. Diante de algumas ausências -entre elas as do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e da secretária de Estado da Cultura, Cláudia Costin- e do tempo escasso, os panelistas tiveram de comprimir suas idéias em sofríveis dez minutos de fala.
"Isso está parecendo gincana de colégio", ironizou o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto. Para ele, a indústria cultural no país e o Estado devem focar esforços nos aspectos de distribuição e democratização da informação.
A discussão passou ainda por novas tecnologias, direitos autorais, concentração de poder no cinema e na música, sistemas de cotas, subsídios estatais e parcerias entre setor público e privado.


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