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Procuradoria vai investigar procedência do capital
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Procuradoria da República
vai analisar a origem do capital
dos empresários Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e
Marcos Haftel, os brasileiros
que se associaram ao fundo
americano Matlin Patterson
para comprar a VarigLog e,
posteriormente, a Varig.
Segundo a procuradoria, desde 2006 existia um procedimento de checagem do capital a
partir de uma representação do
Snea (Sindicato Nacional de
Empresas Aeroviárias). Além
disso, o relatório final da CPI da
Alerj que investigou a venda da
Varig também recomendava a
checagem do capital dos empresários e foi encaminhado
para o Ministério Público Federal e posteriormente para a
procuradoria. A partir das denúncias da ex-diretora da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) Denise Abreu, o caso deve ser retomado.
O relatório da CPI afirma que
há sinais de que a VarigLog foi
beneficiada no processo de
compra da Varig em leilão, em
julho de 2006. Uma das evidências citadas no texto é o adiantamento de US$ 20 milhões pelo representante do Matlin Patterson no Brasil, Lap Chan, para impedir que a empresa falisse. Na prática, na época, antes
do leilão, Chan chegou a fazer
vários adiantamentos com base
em recebíveis -vendas de passagens com cartão de crédito.
Um trecho de fita que foi anexado ao relatório mostra um
encontro de Chan com funcionários da empresa. Uma pessoa
não identificada na fita apresenta Chan como o novo dono.
"Na semana que vem, vamos falar sobre a Varig velha e como
ela vai nos pagar, o.k.? Vou passar a palavra ao futuro dono da
empresa para que ele fale sobre
a Nova Varig e para que ele se
apresente também", diz a fita.
Em seguida, Chan se apresenta como o chinês que tem
acompanhado o caso Varig. Diz
que a situação da empresa piorou muito e que não houve sucesso no primeiro leilão. A primeira tentativa de venda da
empresa, no dia 8 de junho,
frustrou expectativas. Apenas
os trabalhadores apresentaram
uma proposta, mas não conseguiram estipular o pagamento
da primeira parcela de recursos
determinada pela Justiça.
Na fita, Chan dá a entender
que foi convidado a voltar a negociar com a Varig. Em depoimento, Chan disse não se lembrar de ter feito tal comentário
e que foi chamado por Marco
-provavelmente o empresário
Marco Antonio Audi. Disse não
ter sido beneficiado e que a diferença foi ter cumprido as regras do leilão.
No leilão, a VarigLog adquiriu a unidade produtiva Varig,
que incluía a marca, as autorizações de vôo e as rotas por US$
24 milhões e uma série de obrigações, como emissão de debêntures. As dívidas com empresas de leasing, estatais, pagamento de impostos e funcionários ficaram na velha Varig,
que voa rebatizada como Flex.
O relatório da CPI afirma que
é essencial a quebra do sigilo
bancário, fiscal e telefônico dos
empresários brasileiros da VarigLog com a justificativa de
que eles não têm "tradição" no
setor e que a estrutura societária constatada tinha preponderância significativa de pessoas
jurídicas ou naturais estrangeiras na sua composição.
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