São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Procuradoria vai investigar procedência do capital

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Procuradoria da República vai analisar a origem do capital dos empresários Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel, os brasileiros que se associaram ao fundo americano Matlin Patterson para comprar a VarigLog e, posteriormente, a Varig.
Segundo a procuradoria, desde 2006 existia um procedimento de checagem do capital a partir de uma representação do Snea (Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias). Além disso, o relatório final da CPI da Alerj que investigou a venda da Varig também recomendava a checagem do capital dos empresários e foi encaminhado para o Ministério Público Federal e posteriormente para a procuradoria. A partir das denúncias da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, o caso deve ser retomado.
O relatório da CPI afirma que há sinais de que a VarigLog foi beneficiada no processo de compra da Varig em leilão, em julho de 2006. Uma das evidências citadas no texto é o adiantamento de US$ 20 milhões pelo representante do Matlin Patterson no Brasil, Lap Chan, para impedir que a empresa falisse. Na prática, na época, antes do leilão, Chan chegou a fazer vários adiantamentos com base em recebíveis -vendas de passagens com cartão de crédito.
Um trecho de fita que foi anexado ao relatório mostra um encontro de Chan com funcionários da empresa. Uma pessoa não identificada na fita apresenta Chan como o novo dono. "Na semana que vem, vamos falar sobre a Varig velha e como ela vai nos pagar, o.k.? Vou passar a palavra ao futuro dono da empresa para que ele fale sobre a Nova Varig e para que ele se apresente também", diz a fita.
Em seguida, Chan se apresenta como o chinês que tem acompanhado o caso Varig. Diz que a situação da empresa piorou muito e que não houve sucesso no primeiro leilão. A primeira tentativa de venda da empresa, no dia 8 de junho, frustrou expectativas. Apenas os trabalhadores apresentaram uma proposta, mas não conseguiram estipular o pagamento da primeira parcela de recursos determinada pela Justiça.
Na fita, Chan dá a entender que foi convidado a voltar a negociar com a Varig. Em depoimento, Chan disse não se lembrar de ter feito tal comentário e que foi chamado por Marco -provavelmente o empresário Marco Antonio Audi. Disse não ter sido beneficiado e que a diferença foi ter cumprido as regras do leilão.
No leilão, a VarigLog adquiriu a unidade produtiva Varig, que incluía a marca, as autorizações de vôo e as rotas por US$ 24 milhões e uma série de obrigações, como emissão de debêntures. As dívidas com empresas de leasing, estatais, pagamento de impostos e funcionários ficaram na velha Varig, que voa rebatizada como Flex.
O relatório da CPI afirma que é essencial a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos empresários brasileiros da VarigLog com a justificativa de que eles não têm "tradição" no setor e que a estrutura societária constatada tinha preponderância significativa de pessoas jurídicas ou naturais estrangeiras na sua composição.


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