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PF investiga a autoria de dossiê contra Denise Abreu
Ex-diretora da Anac nega supostas contas bancárias no exterior e gastos com cartões
Também são citados Jorge Veloso, ex-Anac, e Anchieta Hélcias, dirigente do sindicato das empresas aéreas, que vêem "falsificação"
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal pediu à
Justiça mais prazo para investigar a autoria de um dossiê elaborado ano passado contra a
ex-diretora da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu. O dossiê tem 38 páginas e traz dados de supostas
contas bancárias no Uruguai
que seriam movimentadas por
ela e outros dois representantes do setor aéreo, além de
compras de US$ 149 mil em
cartões de crédito com potencial de constrangê-los. Denise
nega os gastos descritos.
O dossiê circulou no governo
e no Congresso em agosto do
ano passado, nos dias que antecederam a renúncia de Denise
da Anac. Ela diz que recebeu o
documento dois meses depois
em um envelope pardo, sem
identificação do remetente,
quando estava na casa de sua
mãe, em São Paulo. Denise entregou a papelada à Polícia Federal, que abriu inquérito.
Oficialmente, Abreu diz não
ter nenhuma informação sobre
a autoria do dossiê, mas a amigos afirma acreditar que ele tenha sido produzido dentro do
governo, por pessoas descontentes com sua permanência
em meio à crise aérea. Segundo
seus interlocutores, Abreu teria sido pressionada por informações sobre a movimentação
financeira atribuída a ela, dentro do governo e em seu depoimento à CPI do Apagão Aéreo.
Além de Abreu, são citados
no dossiê o também ex-diretor
da Anac Jorge Veloso e o secretário-geral do Snea (Sindicato
Nacional das Empresas Aeroviárias), Anchieta Hélcias. A
papelada, escrita em inglês, diz
que cada um teria duas contas
em bancos do Uruguai, que seriam usadas para movimentar
outras contas em Luxemburgo.
Os donos dessas contas e suas
supostas movimentações não
são citados.
O dossiê também relaciona
gastos com cartões de crédito
entre os meses de setembro e
novembro de 2006, pouco depois da venda da Varig para a
VarigLog, em julho. Na semana
passada, Denise Abreu disse
que ela e a diretoria da Anac foram pressionadas pela ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
pela secretária-executiva da
pasta, Erenice Guerra, a não
exigir documentos que comprovassem a legalidade da operação. O Snea recorreu à Anac
para tentar anular o parecer
que aprovou o negócio.
O dossiê contém informações pessoais detalhadas dos
três. Relaciona sobre Denise
Abreu, por exemplo, dados sobre os seus pais, afirma que ela
é divorciada e enumera números de documentos, e-mails e
telefones.
Sobre suas supostas contas,
diz que foram abertas em 2003
e 2005 nos bancos Comercial e
Moneybookers, respectivamente. Ambos ficam em Montevidéu. Teriam à época saldo
de US$ 5.100. Com os cartões,
segundo o dossiê, ela teria gasto
US$ 40,1 mil, sendo US$ 28,9
mil em saques. A papelada traz
gastos em um spa, butiques de
luxo e restaurantes. Denise
Abreu diz que nunca possuiu os
cartões ou fez as despesas.
As contas atribuídas a Veloso
teriam sido abertas no Discount Bank e no ABN Amro,
também em Montevidéu. O
dossiê diz que ele gastou com
cartões US$ 62 mil, incluindo
despesas em um cassino, joalherias, loja de aluguel de barco
e no mesmo spa relacionado na
lista de despesas de Denise.
Sobre Anchieta, o dossiê faz
um relato de sua atuação no setor aéreo e de seu poder de influência no governo. "Sua base
política é no Estado de Pernambuco, mas como lobista é
adepto de negociações com diferentes grupos políticos na capital federal", afirma o dossiê.
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