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CRISE
Economia mexicana deve passar a brasileira na preferência dos investidores em 2001, prevê Institute of International Finance
México toma investimento global do Brasil
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
O Brasil deve deixar de ser o
principal destino do investimento
direto estrangeiro na América Latina em 2001, perdendo a posição
de líder para o México. A previsão
é do Institute of International Finance, de Washington.
Segundo o instituto, o México
deve receber US$ 25 bilhões neste
ano, contra US$ 12 bilhões em
2000, um aumento de mais de
100%. Já o Brasil, destino-líder de
investimentos estrangeiros pelo
menos nos últimos três anos, deve
passar para a segunda posição,
com US$ 20 bilhões (teve US$ 30
bilhões no ano passado).
Seu principal parceiro no Mercosul, a Argentina, também enfrenta queda. O país chegou a ter
investimento recorde de US$ 25
bilhões em 1999, que despencou
para US$ 7,5 bilhões no ano passado e não deve passar de US$ 7
até dezembro deste ano.
"O México está sendo beneficiado por um ciclo virtuoso formado
por peso forte, taxas de juro baixas e caindo ainda mais, além de
crescimento vigoroso, parecido
com o que o Brasil viveu do segundo semestre de 1999 até o primeiro trimestre deste ano", disse
à Folha Frederick Jaspersen, diretor do IIF para a América Latina.
O instituto, criado em 1983 e
presidido pelo presidente do banco HSBC, John Bond, conta com
320 membros em 60 países. Espécie de Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos)
globalizada, é um dos únicos a
reunir instituições financeiras
privadas em nível mundial e realizar pesquisas e análises de mercado para seus sócios.
Crise de câmbio
De acordo com analistas, a fuga
de capitais dos dois países e o aumento de prestígio do México
têm como causa os problemas
econômicos por que passa a Argentina, que repercutiram no
Brasil, já às voltas com sua própria crise energética e de câmbio.
"A ação recente do Banco Central brasileiro no mercado dá
margem a um ataque especulativo", escreveu em sua nota o economista Walter Molano, da BCP
Securities. "O Banco Central deve
decidir se adotou mesmo um regime de câmbio flutuante ou não,
sob o risco de perder o controle."
O economista refere-se às intervenções do Banco Central brasileiro para conter as disparadas do
dólar, as quais podem ter efeitos
inflacionários.
"Não seria errado dizer que a estratégia do Banco Central não
funcionou tão bem quanto eles
gostariam", afirmou Graham
Stock, estrategista de débito soberano para a América Latina do
banco J.P. Morgan. "Mas é importante salientar que, apesar da situação atual passageira, o Brasil
está se saindo muito bem", disse
Frederick Jaspersen.
Segundo o analista do IIF, "o
governo vem gerenciando bem a
economia, o sistema bancário do
país é forte, a atual política energética vai no caminho certo e foi
aceita inclusive pelos consumidores e as evidências indicam que
vai haver uma reforma, apesar
das divergências políticas."
Já a Argentina merece palavras
menos elogiosas dos economistas. "O país está fazendo muito
pouco para inspirar confiança",
disse à agência Dow Jones Lawrence Krohn, estrategista responsável pela América Latina do
ING Barings de Nova York.
De acordo com uma pesquisa
divulgada pela consultoria A.T.
Kearney, o país está em 24º lugar
numa lista de 25 mercados que
mais inspiram confiança em investidores estrangeiros (estava
em 8º no levantamento de 1998).
Os cinco primeiros são EUA, China, Brasil, Reino Unido e México.
Mais dinheiro
A mudança de prioridades na
região não significa que deve entrar menos dinheiro nas economias latino-americanas em 2001.
Pelo contrário. Ainda de acordo
com o IIF, o total de investimento
estrangeiro na América Latina deve aumentar neste ano para US$
61 bilhões, contra US$ 57 bilhões
no ano passado. Vai responder
por 43% de todo o dinheiro a ser
investido no ano em países em
desenvolvimento.
"Estamos otimistas, pois o capital estrangeiro não está fugindo
da região, apenas muda suas prioridades", afirma Toshiya Masuoka, estrategista-chefe para a América Latina e Caribe da Corporação Financeira Internacional, o
braço de investimentos privados
do Banco Mundial.
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