São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Quase sem financiamento externo, ministro acena com corte de gastos para pedir dinheiro a juro menor

Cavallo pede "trégua" a banqueiros do país

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

Ontem, feriado nacional na Argentina, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, passou o dia entre frenéticas reuniões com sua equipe e com banqueiros para discutir eventuais cortes de gastos públicos e um possível apoio financeiro ao governo. Até o início da noite, Cavallo permanecia reunido com sua equipe.
Outro assunto discutido ontem foi o leilão, programado para hoje, de US$ 850 milhões em Letras do Tesouro (Letes), títulos de curtíssimo prazo. Por causa do aumento nas taxas de juros pedidas pelos investidores para oferecer crédito ao país, a realização do leilão havia sido colocada em dúvida pelos analistas na semana passada. Mas, até ontem, o leilão estava mantido, segundo o governo.
O principal termômetro da desconfiança dos investidores sobre o país, o índice de risco-país, voltou a subir ontem, para 1.156 pontos (sobretaxa de 11,56%), 24 pontos acima do fechamento de sexta. A cotação do Global 2008, principal título da dívida argentina negociado no exterior, caiu 0,5%.
Cavallo e o vice-ministro da Economia, Daniel Marx, se reuniram pela manhã com banqueiros dos chamados "criadores de mercado", os bancos que têm prioridade na compra de títulos públicos. Cavallo teria pedido aos banqueiros uma "trégua" no leilão de hoje, para que não pedissem taxas muito altas. Com os canais de financiamento externo praticamente fechados diante da desconfiança dos investidores, o governo necessita buscar financiamento interno para cobrir seus gastos.
Após deixar a reunião, Cavallo afirmou que ela havia sido convocada para explicar aos banqueiros "que as coisas andam bem e que o governo está trabalhando com as Províncias para cortar gastos".
Pela manhã, a renúncia do diretor da Anses (o equivalente local ao INSS), Rodolfo Campero, foi confirmada. Oficialmente, ele deixou o cargo porque será candidato ao Senado nas eleições de outubro. Sua substituição, porém, visa também permitir uma maior ingerência de Cavallo sobre o órgão, responsável pela administração de 39,2% do orçamento nacional.



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