|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Quase sem financiamento externo, ministro acena com corte de gastos para pedir dinheiro a juro menor
Cavallo pede "trégua" a banqueiros do país
ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES
Ontem, feriado nacional na Argentina, o ministro da Economia,
Domingo Cavallo, passou o dia
entre frenéticas reuniões com sua
equipe e com banqueiros para
discutir eventuais cortes de gastos
públicos e um possível apoio financeiro ao governo. Até o início
da noite, Cavallo permanecia reunido com sua equipe.
Outro assunto discutido ontem
foi o leilão, programado para hoje, de US$ 850 milhões em Letras
do Tesouro (Letes), títulos de curtíssimo prazo. Por causa do aumento nas taxas de juros pedidas
pelos investidores para oferecer
crédito ao país, a realização do leilão havia sido colocada em dúvida
pelos analistas na semana passada. Mas, até ontem, o leilão estava
mantido, segundo o governo.
O principal termômetro da desconfiança dos investidores sobre
o país, o índice de risco-país, voltou a subir ontem, para 1.156 pontos (sobretaxa de 11,56%), 24 pontos acima do fechamento de sexta.
A cotação do Global 2008, principal título da dívida argentina negociado no exterior, caiu 0,5%.
Cavallo e o vice-ministro da
Economia, Daniel Marx, se reuniram pela manhã com banqueiros
dos chamados "criadores de mercado", os bancos que têm prioridade na compra de títulos públicos. Cavallo teria pedido aos banqueiros uma "trégua" no leilão de
hoje, para que não pedissem taxas
muito altas. Com os canais de financiamento externo praticamente fechados diante da desconfiança dos investidores, o governo
necessita buscar financiamento
interno para cobrir seus gastos.
Após deixar a reunião, Cavallo
afirmou que ela havia sido convocada para explicar aos banqueiros
"que as coisas andam bem e que o
governo está trabalhando com as
Províncias para cortar gastos".
Pela manhã, a renúncia do diretor da Anses (o equivalente local
ao INSS), Rodolfo Campero, foi
confirmada. Oficialmente, ele deixou o cargo porque será candidato ao Senado nas eleições de outubro. Sua substituição, porém, visa
também permitir uma maior ingerência de Cavallo sobre o órgão,
responsável pela administração
de 39,2% do orçamento nacional.
Texto Anterior: Para Planalto, Argentina agoniza Próximo Texto: É óbvio que o Brasil trabalha por real, diz FHC Índice
|