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SOCORRO FINANCEIRO
Segundo um técnico do Fundo, renovação serviria como um seguro em favor da estabilidade do real
FMI ainda vê Brasil vulnerável e quer renovar acordo
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) vê com bons olhos a renovação de seu acordo financeiro
com o Brasil, concluído depois da
crise econômica russa, em 1998.
A instituição já havia demonstrado esse desejo a autoridades
brasileiras antes mesmo da recente desvalorização do real. Segundo informou um técnico do Fundo, como ainda faltam seis meses
para o final do acordo atual, ainda
é cedo para discutir os próximos
passos.
No entanto a necessidade de
uma renovação fica mais visível a
cada mês. Segundo ele, o FMI
acredita que a economia brasileira avançou muito desde 1998 e
tornou-se um país-modelo para
os programas de ajuste da instituição. No entanto, o Fundo acredita que, com a manutenção do
déficit em conta corrente, a economia brasileira continua vulnerável a choques externos e a
"prorrogação" do atual acordo
(na verdade, não seria uma renovação, mas um novo acordo) serviria como uma espécie de seguro
em favor da estabilidade do real.
Esse seguro poderia impedir que
as pressões contra o real comprometam o controle da inflação.
Sugestões rejeitadas
Todas as sugestões da equipe
técnica do Fundo ao Brasil, mesmo as informais e discretas, foram rejeitadas por autoridades
brasileiras nos últimos meses, sob
o pretexto de que a discussão poderia enviar aos mercados um sinal de fraqueza da economia.
Em abril passado, funcionários
do governo brasileiro ficaram irritados quando o diretor de pesquisa do FMI, Michael Mussa, afirmou que, dependendo da evolução da crise argentina, o Brasil poderia ser obrigado a levantar recursos do Fundo que julgava serem desnecessários -o que acabou fazendo agora.
Autoridades brasileiras também se irritaram quando o Fundo
anunciou o relaxamento das regras para a concessão de sua Linha de Crédito de Contingência,
anunciando que até países com
economias "não-perfeitas" também poderiam retirá-la para evitar o contágio. O Fundo chegou a
mencionar economias que, embora tenham se estabilizado, tenham mantido déficits em conta
corrente -o caso brasileiro.
Segundo o Ministério da Fazenda, esse anúncio colocou a economia brasileira no centro das especulações e era desnecessário.
Justamente por causa dessas resistências do governo brasileiro,
técnicos do FMI viram com certa
curiosidade a entrevista de Fernando Henrique Cardoso, publicada ontem pelo jornal "Valor
Econômico", na qual o presidente
brasileiro disse não descartar a
prorrogação do acordo com o
FMI. "Se for necessário, se faz.
Mas hoje nem o Fundo nem nós
achamos que seja necessário",
disse FHC. O FMI informou que
só conversa oficialmente sobre o
assunto se as autoridades brasileiras o procurar com esse objetivo.
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