São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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"Não venderei o Mercosul", diz presidente

DO ENVIADO ESPECIAL A HOKKAIDO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a seu colega George W. Bush que não vai "vender o Mercosul" para que seja possível fechar o acordo que desbloqueará a Rodada Doha de liberalização comercial.
É uma alusão ao fato de que um dos principais pontos em discussão se refere ao tratamento a ser dado ao Mercosul na redução de tarifas para a importação de bens industriais.
Se for tratado como um bloco, aumenta a margem de proteção que pode oferecer a setores industriais. Se for cada país isoladamente, cai a proteção. O Brasil se diz confortável com o nível de abertura que está em discussão em Genebra, mas a Argentina exige mais.
É por isso que Lula diz que não "venderá" o bloco dos países sul-americanos. Na verdade, não "venderá" a Argentina.
Bush, de seu lado, mostrou-se tão disposto a levar os Estados Unidos a fechar o acordo que comentou com Lula que vai vetar a "Farm Bill", a legislação que regula os subsídios aos agricultores norte-americanos, fortemente protecionista.
A disposição dos dois presidentes não é nova. Desde que tomaram posse, manifestam empenho em fechar a Rodada Doha, lançada em 2001.
Mas a boa vontade retórica esbarra sempre em dificuldades práticas.
A nova manifestação dos dois ganha relevo por ter se dado a 12 dias de uma reunião entre ministros dos principais atores do comércio global, que tende a ser a última chance de encaminhar um entendimento antes de que as férias de verão no hemisfério Norte, seguidas pela reta final das eleições norte-americanas, coloquem Doha em hibernação.
Um segundo empurrão político veio do encontro entre Lula e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown.
Em nota conjunta, dizem que se "está mais perto do que nunca de um acordo", mas que "a janela de oportunidade para alcançar esse acordo é pequena e está se fechando".
Termina com um tom grave: "O preço do fracasso seria grande demais".

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