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"Não venderei o Mercosul", diz presidente
DO ENVIADO ESPECIAL A HOKKAIDO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a seu colega
George W. Bush que não vai
"vender o Mercosul" para que
seja possível fechar o acordo
que desbloqueará a Rodada Doha de liberalização comercial.
É uma alusão ao fato de que
um dos principais pontos em
discussão se refere ao tratamento a ser dado ao Mercosul
na redução de tarifas para a importação de bens industriais.
Se for tratado como um bloco, aumenta a margem de proteção que pode oferecer a setores industriais. Se for cada país
isoladamente, cai a proteção. O
Brasil se diz confortável com o
nível de abertura que está em
discussão em Genebra, mas a
Argentina exige mais.
É por isso que Lula diz que
não "venderá" o bloco dos países sul-americanos. Na verdade, não "venderá" a Argentina.
Bush, de seu lado, mostrou-se tão disposto a levar os Estados Unidos a fechar o acordo
que comentou com Lula que vai
vetar a "Farm Bill", a legislação
que regula os subsídios aos
agricultores norte-americanos,
fortemente protecionista.
A disposição dos dois presidentes não é nova. Desde que
tomaram posse, manifestam
empenho em fechar a Rodada
Doha, lançada em 2001.
Mas a boa vontade retórica
esbarra sempre em dificuldades práticas.
A nova manifestação dos dois
ganha relevo por ter se dado a
12 dias de uma reunião entre
ministros dos principais atores
do comércio global, que tende a
ser a última chance de encaminhar um entendimento antes
de que as férias de verão no hemisfério Norte, seguidas pela
reta final das eleições norte-americanas, coloquem Doha
em hibernação.
Um segundo empurrão político veio do encontro entre Lula e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown.
Em nota conjunta, dizem que
se "está mais perto do que nunca de um acordo", mas que "a
janela de oportunidade para alcançar esse acordo é pequena e
está se fechando".
Termina com um tom grave:
"O preço do fracasso seria grande demais".
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