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Com renda em alta, Nordeste bate o Sul no consumo de energia
Demanda da região nordestina é puxada pelo aumento do salário mínimo e por programa de ligações em residências, diz governo
Desde 2003, rendimento médio dos trabalhadores teve um avanço de 23% no Nordeste, contra 9,8% do Sudeste e 13,4% do Sul
DA SUCURSAL DO RIO
A desigualdade regional no
acesso à energia elétrica caiu
no Brasil neste ano: pela primeira vez, o Nordeste, mais populoso, superou o consumo residencial do Sul, onde a renda é
mais alta, segundo dados da estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
De acordo com o presidente
da EPE, Maurício Tolmasquim,
dois fatores explicam a expansão da demanda nordestina: o
aumento mais acelerado do
rendimento do trabalho e das
transferências diretas de renda
(como o Bolsa Família) e o
maior número de ligações de
residências -impulsionado pelo programa "Luz para Todos".
Em 12 meses encerrados em
maio, o consumo de energia no
Nordeste -cuja população corresponde a 27,9% da do país-
atingiu 15,4 mil GWh, acima
dos 15 mil GWh do Sul -14,7%
da população. Em 2007, ambas
empataram em 15 mil GWh.
Desde de 2003, as residências nordestinas demandaram,
em média, mais energia do que
as do Sul. A alta média ficou em
5,3%, contra 2,9%. "O Nordeste
tem quase o dobro da população do Sul, mas sempre consumiu menos energia porque seu
padrão de renda é menor. Isso
mostra uma desigualdade regional que começa a ser revertida", disse. Sob efeito da alta real
de 35% do salário mínimo desde 2003, o rendimento médio
do trabalho subiu 23% no Nordeste, mais que os 9,8% do Sudeste e os 13,4% do Sul, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios).
Como mais pessoas ganham
em torno do mínimo no Nordeste, diz Tolmasquim, seu impacto na ampliação da renda da
região é maior. Do mesmo modo que o Bolsa Família corresponde a uma fatia maior do
rendimento dos nordestinos
-14%, contra 5% no Sudeste.
Dos R$ 24,5 bilhões liberados
pelo programa no país, 53% foram para o Nordeste, onde a
proporção de pobres é maior.
Esses dois fatores, juntos,
contribuíram para a expansão
do consumo na região e do poder de compra de bens duráveis, o que rebateu no gasto de
energia das residências, de
acordo com a EPE.
O percentual de domicílios
com geladeira cresceu 2,5 pontos percentuais no Brasil de
2002 a 2006. No Nordeste, o
aumento foi de 6,7 pontos. No
caso da TV, a expansão ficou
em 3 pontos no país. No Nordeste, chegou a 6,8% pontos.
(PEDRO SOARES)
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