São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Caos aéreo e compra da Varig pioram os resultados da Gol

Companhia diz que crise nos aeroportos reduziu ganhos em mais de R$ 200 mi

Negociação com a Varig, que teve prejuízo operacional, e competição tarifária no 2º trimestre prejudicaram balanço, afirma companhia

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Gol voltou a apresentar ontem um resultado para o último trimestre impactado negativamente pela crise no setor aéreo (desta vez com o agravante do acidente da TAM) e também pela compra da Varig -cujos números foram incorporados ao balanço da companhia e que teve prejuízo operacional.
A companhia estima que deixou de ganhar R$ 185 milhões e aumentou suas despesas em outros R$ 25 milhões (em custos extras como hospedagem e alimentação para passageiros de vôos atrasados ou cancelados, por exemplo) com a crise.
O cenário, já esperado pelo mercado, foi amenizado por um efeito causado pela contabilização, pela Gol, de benefícios fiscais futuros da Varig avaliados em R$ 200 milhões.
Essa contabilização teve efeito apenas nos resultados divulgados pelo padrão contábil brasileiro: nesse caso, o lucro líquido de abril a junho foi de R$ 157,07 milhões, um crescimento de 60% na comparação com o mesmo período de 2006.
Quando o padrão contábil analisado é o americano, o prejuízo foi de R$ 35,37 milhões, ante um lucro de R$ 106, 68 milhões de abril a junho do ano passado. A companhia informa seus resultados nos dois padrões contábeis, pois está nos dois mercados financeiros.
As ações da companhia fecharam em alta ontem: as preferenciais subiram 2,54%.
Com os atrasos e cancelamentos de vôos, que já vinham ocorrendo e foram intensificados com as conseqüências do acidente da TAM, a taxa de ocupação dos aviões da companhia caiu de 74,3%, no segundo trimestre de 2006, para 65,7%, no mesmo período deste ano.
Ao mesmo tempo, o cenário no segundo trimestre foi de acirrada competição tarifária, com queda dos chamados "yields", ou seja, indicador das companhias de quanto cada passageiro paga a cada quilômetro voado (leia texto nesta página). Isso também determinou um resultado pior.
Um dos principais fatores apontados, entretanto, foi a incorporação aos resultados dos números da Varig, que teve um prejuízo operacional de R$ 94 milhões no segundo trimestre. A Gol apontou que a subsidiária está passando por uma reestruturação -seus custos foram reduzidos em 17%- e que deve atingir o "break even", ou seja, o equilíbrio entre receitas e despesas, neste trimestre.
A Gol voltou a reduzir suas projeções para o ano. Sua nova previsão para a receita líquida, por exemplo, é R$ 5,7 bilhões -a última era de R$ 6 bilhões.
O presidente da empresa, Constantino Júnior, disse que a nova malha aérea do país será terminada em 60 dias -como conseqüência do acidente da TAM, o governo quer uma malha mais "folgada" e menos concentrada em Congonhas. "Além de São Paulo, aí incluídos Congonhas e o aeroporto de Guarulhos, os "hubs" [centros de distribuição de vôos] naturais são o Galeão [RJ], Confins [MG] e Brasília", disse.


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