São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cresce o déficit da balança de serviços

Saldo negativo do setor, que inclui fretes, seguros, manutenção de máquinas e publicidade, atinge US$ 12,3 bi em 2007

Exportação de serviços tem alta de 25,7%, e importação, de 28,4%; nos dois casos, expansão supera a da balança de produtos

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial de serviços do país fechou o ano passado com déficit de US$ 12,3 bilhões -aumento de 33,7% em relação a 2006, quando já era deficitária. Em 2007, o Brasil exportou US$ 22,5 bilhões -aumento de 25,7%- e importou US$ 34,8 bilhões -crescimento de 28,4%. Ambas as contas tiveram crescimento superior ao da balança de produtos.
Os setores que mais comercializaram serviços com o exterior foram os de serviços financeiros, comércio atacadista, manutenção de máquinas, serviços de TI e consultoria em gestão empresarial. Os Estados Unidos são o maior destino, ao receber 53,6% dos serviços exportados. A Holanda vem em segundo lugar, com 5,4%.
A negociação internacional de serviços não é algo novo, tendo início com a oferta internacional de fretes e seguros por países como a Holanda e a Inglaterra antes do século 20. As empresas brasileiras, porém, ainda aproveitam pouco a opção de serviços ao exterior.
No ano passado, 22.653 empresas exportaram serviços e outras 54.420 pessoas fizeram o mesmo, o que revela um dos atrativos do setor: é possível vender serviços profissionais, como consultorias e música. A maioria das empresas (16.391) vendeu até US$ 100 mil.
A exportação e a importação de serviços compreendem quatro tipos: 1) serviço prestado por uma empresa no Brasil para o exterior; 2) serviços no Brasil para não-residentes no país; 3) serviços exercidos lá fora por pessoas que moram no país; e 4) quando uma empresa presta serviços lá fora por meio de subsidiária estrangeira.
Entram na conta uma ampla gama de serviços, como automação industrial de bancos ou supermercados, fretes, seguros, obras audiovisuais, manutenção de máquinas e equipamentos, publicidade e pesquisas, construção etc.
A maior inserção de empresas brasileiras no mercado internacional de serviços alavanca duas vantagens competitivas: ao exportar serviços, a empresa cria parceria com agente econômico externo e pode levar junto a venda de produtos. Países como EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e França ganham mercados por meio de serviços e dominam o setor.

Problemas
Por se basear em profissionais, e não em produtos acabados, o setor de serviços sofre no Brasil com a alta carga de impostos sobre a folha de pagamento e dificuldades de formalização do trabalho. "O desafio de mão-de-obra é sempre importante. Outro aspecto é a questão da confiança: quem exporta precisa ter referências, credibilidade é um desafio importantíssimo", avaliou Christiano Braga, da Apex (Agência de Promoção de Exportação).
Segundo o presidente da CNS (Confederação Nacional de Serviços), Luigi Nese, há grande dificuldade de obter financiamento, uma vez que o prestador de serviço só possui um contrato com o exterior, e não garantias como plantas industriais, por exemplo. "O problema é dar condição de competir. Se fizermos um programa sobre isso, o déficit vai diminuir e vamos aumentar nossa participação no mercado."
O secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Edson Lupatini, diz que há indícios de aumento no número de empresas exportando serviços neste ano.
"A inserção de micro e pequenas empresas no mercado internacional sem dúvida se dá muito mais pelo setor de serviços do que na área de bens."


Texto Anterior: Aumenta sindicalização entre mulheres
Próximo Texto: Carga tributária alta é o maior entrave, diz Tata
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.