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Consumo de luxo deve ir para a Ásia
Grupo Ermenegildo Zegna prevê que, em no máximo dez anos, mercado asiático supere a Europa em vendas
Para especialista, mercado de luxo precisa ensinar o consumidor de novos mercados a diferenciar produtos e valorizar marcas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os grandes destaques de
crescimento econômico dos últimos anos vão se tornar também os principais consumidores das empresas de luxo. Essa
é a avaliação do executivo italiano Vittorio Donati, da marca
Ermenegildo Zegna.
As vendas da marca italiana
no ano passado somaram
779,4 milhões. Desse total, 37%
foram para a Europa, e 31%, para Ásia e Austrália. A América
Latina representou 3% do
montante. O Brasil responde
por 80% das vendas da região.
Para Donati, em no máximo
dez anos, a Ásia deve superar as
vendas européias. "A Europa é
hoje um mercado estagnado e
saturado. Enquanto isso, a
Ásia, principalmente a China
hoje e a Índia amanhã, tem
grande potencial de expansão.
Em dez anos, representará
mais do que a Europa em percentual de vendas." A expectativa de crescimento na Europa
se restringe a países do leste
europeu.
Para Donati, a mudança de
eixo de vendas no mercado de
luxo configura uma tendência.
"É uma verdade também para o
mercado automobilístico, de
jóias e de outros bens. Vamos
investir mais em lojas na China, mas não em produção."
No ano passado, os maiores
crescimentos de vendas da Ermenegildo Zegna foram registrados na China e na América
Latina. No Brasil, o grupo conta com quatro lojas próprias.
Na China são mais de 30.
Donati participou do seminário "A propriedade intelectual e a indústria da moda",
promovido pelo Inpi (Instituto
Nacional da Propriedade Industrial) no Museu Histórico
Nacional, no Rio.
A China já tem cem bilionários, um número quase sete vezes maior do que o que existia
há um ano. A pessoa mais rica
do país é Yang Huiyan, uma jovem de 26 anos com uma fortuna de US$ 16,2 bilhões, de acordo com lista da "Forbes".
O mercado de luxo movimenta mais de US$ 400 bilhões por ano no mundo. Segundo André Cauduro D'Angelo, autor do livro "Precisar, não
precisa - Um olhar sobre o consumo de luxo no Brasil", o aumento do consumo de luxo na
Ásia é sinal da tentativa de integração com a elite ocidental.
"Os novos ricos chineses e indianos procuram se aculturar
por meio do consumo para
buscar semelhanças com a elite
ocidental. Os itens de luxo são a
face mais evidente dessa tentativa de aproximação."
Para o especialista, a mudança no eixo econômico e o crescimento desses países nas vendas do setor resultará em alterações nas estratégias de marketing e de produção. Os países
asiáticos são também conhecidos pelos grandes problemas
com falsificação de produtos.
No caso de chineses e indianos, D'Angelo destaca que será
preciso "ensinar" esses consumidores como valorizar marcas e produtos diferenciados.
"São consumidores que não tiveram contato prévio com esses produtos e locais onde o capitalismo ainda é recente e o produto ainda não é sinônimo
de construção da identidade."
Também com representante
no seminário, a rede espanhola
Zara, controlada pelo Inditex
Group, passou de uma empresa
familiar para uma rede presente em 69 países e com 62% do
faturamento proveniente de
países estrangeiros. A estratégia foi apostar nos pontos-de-venda como canal de comunicação com os clientes e na troca constante dos produtos.
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