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FOLHA INVEST
MERCADO FINANCEIRO
Papéis de instituições financeiras ganharam 54,1% neste ano, ante 62,5% do principal índice da Bolsa de SP
Ações de banco sobem menos que Ibovespa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem comprou ações de bancos em 2002 já recuperou as perdas sofridas no período. Mas, na
maioria dos casos, obtém neste
ano rentabilidade abaixo do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores
do Estado de São Paulo).
O setor bancário subiu 54,1%
neste ano, enquanto o índice de
referência para o mercado de capitais doméstico registrou valorização de 62,5%, segundo pesquisa
da Economática, com dados até o
último dia 5.
Entre as grandes instituições financeiras, só papéis do Banco do
Brasil e do Unibanco superaram o
Ibovespa. Brasil ON e Unibanco
PN subiram, respectivamente,
110,5% e 71,7% no acumulado
deste ano. O estudo considerou a
ação mais líquida, PN ou ON, de
cada empresa.
Banespa, Itaú e Bradesco tiveram alta no período de 53,5%,
44,7% e 18,4%, respectivamente
-rentabilidade inferior à verificada no Ibovespa.
Em 2002, em razão de incertezas
no mercado sobre como agiria o
governo petista em relação a bancos e à dívida pública interna, as
ações do setor despencaram.
Muitas delas fecharam o ano passado ainda no vermelho, como
Bradesco PN (-9,7%) e Unibanco
(-28,3%).
Decorridos 11 meses do governo
Lula, nenhum daqueles temores
se concretizou, mas papéis do setor não acompanharam a deslanchada da Bolsa com a mesma intensidade.
Para 2004, a expectativa de investidores é a de juros bem menores. A Selic, taxa básica, deverá estar no final do próximo ano entre
14% e 15%, segundo economistas.
Quando começou a cair, em junho passado, era de 26,5%.
"É muita diferença, tendo em
vista a aplicação de bancos nos títulos públicos", afirma João Augusto Frota Salles, economista da
Lopes & Filho.
O desempenho que os bancos
terão ao oferecer mais crédito
também desperta dúvidas. "A demanda não será tão pungente
porque a renda das famílias está
comprometida com bens essenciais", diz Salles.
Para outros analistas, o mercado estaria equivocado em sua
avaliação do setor. "É o mesmo
engano cometido em 1994, quando acharam que, com a redução
abrupta da inflação, os bancos
perderiam rentabilidade", afirma
Beto Scretas, da Schroeders Brasil.
Agora, diz, o mercado se engana
ao pensar que, com a queda no juro, os bancos vão lucrar menos.
"Não vão perder", diz Scretas.
"Vão ganhar com a recuperação
da economia, a queda da inadimplência e o aumento de empréstimos. Estão preparados para dar
crédito. E os depósitos compulsórios devem cair em 2004."
Analistas se perguntam por que
ações do Bradesco têm se recuperado mais lentamente que papéis
de outros bancos. Uma razão
apontada é sua política de subscrição de ações.
O banco da Cidade de Deus faz
todo ano chamada de capital, enxugando o dividendo distribuído.
O investidor é compelido a subscrever para não perder participação. "E investidor não gosta disso", diz um analista que não quis
se identificar.
Agenda
Nesta semana, saem mais quatro índices de inflação. Hoje: IGP-M (primeira prévia) e IPC-S.
Amanhã: IGP-DI de outubro, e,
na quarta, o IPC da Fipe (primeira
quadrissemana deste mês).
Na sexta-feira, será divulgado
nos EUA o índice de Confiança do
Consumidor da Universidade de
Michigan. A expectativa é a de
0,2%, diferentemente do mês passado, quando ficou em -0,1%.
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