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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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FOLHA INVEST

MERCADO FINANCEIRO

Papéis de instituições financeiras ganharam 54,1% neste ano, ante 62,5% do principal índice da Bolsa de SP

Ações de banco sobem menos que Ibovespa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem comprou ações de bancos em 2002 já recuperou as perdas sofridas no período. Mas, na maioria dos casos, obtém neste ano rentabilidade abaixo do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo).
O setor bancário subiu 54,1% neste ano, enquanto o índice de referência para o mercado de capitais doméstico registrou valorização de 62,5%, segundo pesquisa da Economática, com dados até o último dia 5.
Entre as grandes instituições financeiras, só papéis do Banco do Brasil e do Unibanco superaram o Ibovespa. Brasil ON e Unibanco PN subiram, respectivamente, 110,5% e 71,7% no acumulado deste ano. O estudo considerou a ação mais líquida, PN ou ON, de cada empresa.
Banespa, Itaú e Bradesco tiveram alta no período de 53,5%, 44,7% e 18,4%, respectivamente -rentabilidade inferior à verificada no Ibovespa.
Em 2002, em razão de incertezas no mercado sobre como agiria o governo petista em relação a bancos e à dívida pública interna, as ações do setor despencaram. Muitas delas fecharam o ano passado ainda no vermelho, como Bradesco PN (-9,7%) e Unibanco (-28,3%).
Decorridos 11 meses do governo Lula, nenhum daqueles temores se concretizou, mas papéis do setor não acompanharam a deslanchada da Bolsa com a mesma intensidade.
Para 2004, a expectativa de investidores é a de juros bem menores. A Selic, taxa básica, deverá estar no final do próximo ano entre 14% e 15%, segundo economistas. Quando começou a cair, em junho passado, era de 26,5%.
"É muita diferença, tendo em vista a aplicação de bancos nos títulos públicos", afirma João Augusto Frota Salles, economista da Lopes & Filho.
O desempenho que os bancos terão ao oferecer mais crédito também desperta dúvidas. "A demanda não será tão pungente porque a renda das famílias está comprometida com bens essenciais", diz Salles.
Para outros analistas, o mercado estaria equivocado em sua avaliação do setor. "É o mesmo engano cometido em 1994, quando acharam que, com a redução abrupta da inflação, os bancos perderiam rentabilidade", afirma Beto Scretas, da Schroeders Brasil.
Agora, diz, o mercado se engana ao pensar que, com a queda no juro, os bancos vão lucrar menos.
"Não vão perder", diz Scretas. "Vão ganhar com a recuperação da economia, a queda da inadimplência e o aumento de empréstimos. Estão preparados para dar crédito. E os depósitos compulsórios devem cair em 2004."
Analistas se perguntam por que ações do Bradesco têm se recuperado mais lentamente que papéis de outros bancos. Uma razão apontada é sua política de subscrição de ações.
O banco da Cidade de Deus faz todo ano chamada de capital, enxugando o dividendo distribuído. O investidor é compelido a subscrever para não perder participação. "E investidor não gosta disso", diz um analista que não quis se identificar.

Agenda
Nesta semana, saem mais quatro índices de inflação. Hoje: IGP-M (primeira prévia) e IPC-S. Amanhã: IGP-DI de outubro, e, na quarta, o IPC da Fipe (primeira quadrissemana deste mês).
Na sexta-feira, será divulgado nos EUA o índice de Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan. A expectativa é a de 0,2%, diferentemente do mês passado, quando ficou em -0,1%.



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