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Valorização do real e acordo com fundo de pensão reduzem lucro da Petrobras em 22%
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A valorização do real e o acordo da Petrobras com o fundo de
pensão Petros derrubaram o
lucro da Petrobras. A estatal registrou ganhos de R$ 5,5 bilhões no terceiro trimestre -o
resultado representa uma redução de 22% em relação a
igual período do ano passado.
O resultado ficou abaixo das
previsões de analistas ouvidos
pela Folha, que esperavam um
resultado estável em relação ao
terceiro trimestre de 2006.
O lucro da Petrobras também registrou queda na comparação dos nove primeiros
meses do ano. Em 2006, os ganhos para o período somaram
R$ 20,719 bilhões. Em 2007, o
montante ficou 21% menor e
chegou a R$ 16,459 bilhões.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, estimou o impacto da alta do real
em R$ 900 milhões. Nos nove
primeiros meses do ano, o efeito chega a R$ 2,1 bilhões.
Segundo Barbassa, o resultado da companhia foi afetado
também pelo gasto de R$ 600
milhões no terceiro trimestre
para adesão dos funcionários à
repactuação do Plano Petros,
fundo de pensão da estatal. No
final do ano passado, o fundo
tinha um déficit estimado em
R$ 4,5 bilhões.
Os gastos com a repactuação
afetaram os resultados do primeiro e do terceiro trimestre,
de acordo com o diretor. O resultado de janeiro a março teve
um impacto de R$ 1,050 bilhão.
"Havia uma expectativa cautelosa em relação ao lucro, por
conta das paradas não-programadas de plataformas e dos
gastos com o Petros", diz Felipe Cunha, analista do Brascan.
O resultado da companhia
também foi prejudicado por alta das despesas operacionais.
Os custos administrativos cresceram 20,7% e somaram R$
4,598 bilhões. O principal impacto foi o aumento das despesas com funcionários no Brasil,
de R$ 256 milhões, e no exterior, de R$ 72 milhões.
Os custos exploratórios cresceram 23% e somaram R$
1,499 bilhão. Segundo Barbassa, a perspectiva é que os custos
se mantenham em alta. "Os
custos crescem à medida que
mais investimentos são feitos
nessa área."
O atraso na entrada em operação de plataformas resultou
num aumento de apenas 2% na
produção de petróleo no ano.
As unidades que entraram em
operação (P-50, Golfinho, P-34
e Espadarte) adicionaram 203
mil barris por dia.
No exterior, a produção no
ano foi 16% menor por conta da
exclusão da produção da Venezuela a partir de abril em razão
de mudanças na legislação.
De acordo com a estatal,
duas plataformas devem entrar
em operação na semana que
vem: a P-52, com 180 mil barris/dia, e Golfinho Módulo 2,
com 100 mil barris/dia, quando
atingirem o ápice da produção,
o que leva de quatro a seis meses para ocorrer. Até o final do
ano, ainda entra em operação a
P-54, com 180 mil barris/dia.
Mesmo com a valorização do
preço do barril no mercado internacional, o petróleo vendido
pela Petrobras ficou estável
nos nove primeiros meses do
ano. Houve alta de 8% nos preços em dólar, mas a apreciação
do real foi de igual magnitude,
o que compensou o efeito.
Os investimentos da estatal
cresceram 35% no ano e somaram R$ 30,606 bilhões. Segundo Barbassa, 3,5% da alta dos
investimentos pode ser atribuída ao aumento de custos. O
principal destaque foi a área de
Exploração e Produção, que representou 48% do total. Os investimentos na área de Gás e
Energia caíram 12% e somaram R$ 1,057 bilhão.
O endividamento líquido
cresceu 12% e chegou a R$
24,533 bilhões por conta da redução do caixa, com maiores
investimentos realizados, o
pré-pagamento de dívidas e as
aplicações em títulos de longo
prazo.
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