São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Valorização do real e acordo com fundo de pensão reduzem lucro da Petrobras em 22%

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A valorização do real e o acordo da Petrobras com o fundo de pensão Petros derrubaram o lucro da Petrobras. A estatal registrou ganhos de R$ 5,5 bilhões no terceiro trimestre -o resultado representa uma redução de 22% em relação a igual período do ano passado.
O resultado ficou abaixo das previsões de analistas ouvidos pela Folha, que esperavam um resultado estável em relação ao terceiro trimestre de 2006.
O lucro da Petrobras também registrou queda na comparação dos nove primeiros meses do ano. Em 2006, os ganhos para o período somaram R$ 20,719 bilhões. Em 2007, o montante ficou 21% menor e chegou a R$ 16,459 bilhões.
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, estimou o impacto da alta do real em R$ 900 milhões. Nos nove primeiros meses do ano, o efeito chega a R$ 2,1 bilhões.
Segundo Barbassa, o resultado da companhia foi afetado também pelo gasto de R$ 600 milhões no terceiro trimestre para adesão dos funcionários à repactuação do Plano Petros, fundo de pensão da estatal. No final do ano passado, o fundo tinha um déficit estimado em R$ 4,5 bilhões.
Os gastos com a repactuação afetaram os resultados do primeiro e do terceiro trimestre, de acordo com o diretor. O resultado de janeiro a março teve um impacto de R$ 1,050 bilhão.
"Havia uma expectativa cautelosa em relação ao lucro, por conta das paradas não-programadas de plataformas e dos gastos com o Petros", diz Felipe Cunha, analista do Brascan.
O resultado da companhia também foi prejudicado por alta das despesas operacionais. Os custos administrativos cresceram 20,7% e somaram R$ 4,598 bilhões. O principal impacto foi o aumento das despesas com funcionários no Brasil, de R$ 256 milhões, e no exterior, de R$ 72 milhões.
Os custos exploratórios cresceram 23% e somaram R$ 1,499 bilhão. Segundo Barbassa, a perspectiva é que os custos se mantenham em alta. "Os custos crescem à medida que mais investimentos são feitos nessa área."
O atraso na entrada em operação de plataformas resultou num aumento de apenas 2% na produção de petróleo no ano. As unidades que entraram em operação (P-50, Golfinho, P-34 e Espadarte) adicionaram 203 mil barris por dia.
No exterior, a produção no ano foi 16% menor por conta da exclusão da produção da Venezuela a partir de abril em razão de mudanças na legislação.
De acordo com a estatal, duas plataformas devem entrar em operação na semana que vem: a P-52, com 180 mil barris/dia, e Golfinho Módulo 2, com 100 mil barris/dia, quando atingirem o ápice da produção, o que leva de quatro a seis meses para ocorrer. Até o final do ano, ainda entra em operação a P-54, com 180 mil barris/dia.
Mesmo com a valorização do preço do barril no mercado internacional, o petróleo vendido pela Petrobras ficou estável nos nove primeiros meses do ano. Houve alta de 8% nos preços em dólar, mas a apreciação do real foi de igual magnitude, o que compensou o efeito.
Os investimentos da estatal cresceram 35% no ano e somaram R$ 30,606 bilhões. Segundo Barbassa, 3,5% da alta dos investimentos pode ser atribuída ao aumento de custos. O principal destaque foi a área de Exploração e Produção, que representou 48% do total. Os investimentos na área de Gás e Energia caíram 12% e somaram R$ 1,057 bilhão.
O endividamento líquido cresceu 12% e chegou a R$ 24,533 bilhões por conta da redução do caixa, com maiores investimentos realizados, o pré-pagamento de dívidas e as aplicações em títulos de longo prazo.


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