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CVM investiga compra de ação da Petrobras
Comissão que fiscaliza mercado diz que não vê indícios de manipulação, mas que age por "desencargo de consciência"
Ações da empresa subiram 14% após anúncio de megacampo; Lula havia comentado tema com governadores em outubro
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) informou ontem
que vai requisitar da Bovespa a
relação de todos os investidores que compraram e venderam ações da Petrobras nas últimas três semanas e que investigará as suspeitas a respeito de
suposto vazamento de informação sobre o megacampo de
petróleo na bacia de Santos.
As ações da empresa subiram
14% anteontem com o anúncio
do megacampo.
A Folha noticiou ontem que
o presidente Lula havia antecipado a informação sobre o megacampo a governadores em visita a Zurique, no final de outubro. A confirmação do potencial do campo foi feita anteontem pela direção da estatal e
pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O diretor da estatal Guilherme Estrella disse
que o anúncio foi antecipado
pelo temor de especulações no
mercado acionário.
O superintendente regional
da CVM em São Paulo, Waldir
de Jesus Nobre, disse que não
foi constatado nenhum indício
de manipulação com as ações
da Petrobras na Bolsa. ""Faremos a investigação por desencargo de consciência", disse.
Segundo ele, os preços das
ações e os volumes de negócios
com as ações da estatal, antes
do anúncio da empresa, estiveram alinhados com o comportamento do Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) e
com a evolução do preço do petróleo, que está em alta.
Para alguns operadores do
mercado de capitais, a CVM
deveria ter suspendido a negociação com as ações da Petrobras anteontem, tendo em vista que a direção da estatal e Dilma só deram entrevista sobre a
descoberta à tarde.
Para Waldir Nobre, o fato relevante divulgado pela empresa, antes da abertura do pregão,
foi suficiente para deixar o
mercado informado, e a CVM
não viu necessidade de suspender a negociação dos papéis.
Para a CVM, a existência do
megacampo de Tupi é notícia
antiga, que agora foi confirmada pela Petrobras com a realização de novos testes na área. A
empresa comunicou a descoberta ao mercado no dia 11 de
julho de 2006.
Ele admitiu que a identificação de vazamento de informações, envolvendo ações de
grande liquidez, como a Petrobras, é muito difícil, porque a
ação de alguns investidores
não chega a provocar oscilações no preço no papel, o mais
negociado na Bovespa.
Para Nobre, a situação atual
é muito diferente da verificada,
por exemplo, na compra das
empresas do grupo Ipiranga
pelo pool Petrobras-Braskem-Grupo Ultra, em março, quando a CVM bloqueou pagamento de venda de ações e processou investidores que teriam se
beneficiado do vazamento de
informações privilegiadas.
Como as ações da Ipiranga tinham baixa liquidez, a movimentação dos investidores fez
as ações ordinárias (com direito a voto) da Distribuidora Ipiranga dispararem 33,33%.
Segundo o superintendente,
a alta das ações da Petrobras,
nos últimos dois pregões, fez
com que o peso da estatal na
composição do Ibovespa passasse de 16% para 21%.
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