São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Políticos pressionam por ajuda a montadora

Partido Democrata, de Barack Obama, quer que parte dos US$ 700 bi socorra indústria automobilística

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Em meio ao temor de concordata da GM, líderes democratas nos EUA exortaram o governo a usar parte do pacote de US$ 700 bilhões aprovado para resgatar instituições financeiras para ajudar também a indústria automobilística.
"[Estamos] convencidos de que a indústria automobilística de nosso país -coração do setor manufatureiro- e os empregos de dezenas de milhares de americanos estão em risco", escreveram no sábado Harry Reid, líder democrata no Senado, e Nancy Pelosi, presidente do Congresso, ao secretário do Tesouro, Henry Paulson.
Eles receberam a ajuda extra de Rahm Emanuel, apontado como chefe-de-gabinete do presidente eleito dos EUA, que disse que Barack Obama pressionará nas próximas semanas para uma assistência rápida à indústria automobilística.
O setor vive grave crise. A GM, a maior montadora do mundo, afirmou que perdeu US$ 4,2 bilhões de julho a setembro e gastou US$ 6,9 bilhões de seu caixa no período devido à "desaceleração da demanda combinada com a crise de crédito, em especial na América do Norte e na Europa".
A empresa não descarta um pedido de concordata, suspendeu discussões sobre a fusão com a Chrysler e estima que poderá ficar sem dinheiro para operar em meados de 2009.
Se falir, a GM provavelmente levará a Ford consigo. As duas empresas compartilham vários fornecedores, muitos dos quais estão à beira da insolvência.
Analistas estimam que o fracasso das montadoras americanas afetaria cerca de 2 milhões de empregos e teria impacto de US$ 200 bilhões na economia. Os EUA têm atualmente mais de 10 milhões de desempregados, 1,2 milhão dos quais demitidos em 2008. A taxa de desemprego de outubro foi a maior em 14 anos (6,5%).
O apelo dos democratas chega dias após reunião dos líderes com a GM, a Ford e a Chrysler.
Legisladores e empresários discutem três possibilidades para um resgate. A mais importante seria um empréstimo direto. A segunda seria a liberação rápida de US$ 25 bilhões que já foram aprovados para a fabricação de veículos com consumo eficiente de combustível. A última é permitir que o braço financeiro das montadoras participe do programa de resgate de Wall Street.
Até agora, a Casa Branca tem resistido a usar o pacote de resgate para auxiliar setores que não o financeiro. Os democratas propõem pacote de até US$ 100 bilhões para infra-estrutura, extensão do auxílio-desemprego, aumento da distribuição de tíquetes-alimentação e ajuda extra a Estados com dificuldades para financiar a saúde.

AIG
A AIG e o Fed de Nova York não conseguiram fechar ontem um novo acordo de resgate à megaseguradora, que recebeu há menos de dois meses US$ 85 bilhões em ajuda governamental. Estima-se que um anúncio de acordo poderá ser feito hoje, junto da divulgação do balanço do terceiro trimestre da AIG. A expectativa é que a empresa consiga reduzir os juros dos empréstimos já feitos e estender o prazo de pagamento para evitar a falência.


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