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Rendimento do FGTS neste ano será o menor da história
Contas terão correção de 3,9%, já com juros de 3%, ante previsão de 4,27% para inflação
Se forem excluídos os juros,
rendimento das contas será
ainda menor; projeto de lei
do Senado quer troca de
índice para pôr fim a perdas
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço) terá, neste ano, o menor rendimento
desde sua criação, em 1966. Essa perda de rendimento é consequência da queda dos juros
no país. Com a queda da Selic, o
governo teve de reduzir a TR
(Taxa Referencial), que corrige
as contas do FGTS e as cadernetas de poupança.
Resultado: as contas do
FGTS dos trabalhadores estão
sendo corrigidas por índices
abaixo da inflação. Em outras
palavras, o poder de compra do
dinheiro que o trabalhador tem
depositado na conta do FGTS
fica menor a cada mês.
A forma de avaliar o rendimento das contas do FGTS gera
polêmica. O governo defende a
tese de que o cálculo tem de incluir os juros de 3% ao ano. Outros cálculos excluem os juros,
computando-se apenas a TR.
Se for considerada a primeira
forma de cálculo, os trabalhadores perderam dinheiro em
sete dos últimos dez anos (isso
só não ocorreu em 2005 a
2007). Se for considerada a segunda, a perda é contínua há
mais tempo -desde 1999.
Neste ano, as contas do fundo
terão correção total (incluindo
a TR mais juros) de 3,90%. Se as
previsões se confirmarem, o
IPCA (índice usado na meta de
inflação do país) será de 4,27%,
com base nas expectativas do
mercado, conforme o Boletim
Focus, do Banco Central.
Para o leitor entender o resultado, uma conta do FGTS
com R$ 100 em dezembro de
2008 terá R$ 103,90 no próximo dia 10 de dezembro, quando
será feito o último crédito do
ano. Ou seja, esse dinheiro não
será suficiente para comprar
um produto que custava os
mesmos R$ 100 ao final do ano
passado, pois ele estará custando R$ 104,27 no próximo mês
se reajustado pelo IPCA.
Se a mesma conta excluir os
juros, a perda do trabalhador é
muito maior, uma vez que a TR
deste ano será de 0,8716%. Fazendo o mesmo raciocínio, o
saldo da conta passaria para R$
100,87, ante os mesmos R$
104,27. Nessa corrida, os trabalhadores sempre perdem.
Cálculos
O Senado tem um projeto de
lei do senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) prevendo mudanças na forma de correção das
contas do FGTS. O relator do
projeto, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), fará algumas alterações no texto.
Para subsidiar as mudanças,
a assessoria do relator fez algumas simulações comparando
o rendimento das contas do
FGTS nos últimos dez anos
com o IPCA e a poupança.
Desde 2000, o IPCA aumentou 89,86% (até setembro deste
ano). Também desde 2000,
mas até o final deste ano, o
FGTS terá rendido 68,37%, ou
seja, a perda é de 12,76%. Significa dizer, nesse caso, que o poder de compra de R$ 100 em janeiro de 2000 cairá para apenas R$ 87,24. Da mesma forma,
o trabalhador terá apenas R$
168,37 para comprar um produto que custa R$ 189,86.
Segundo a ONG Instituto
FGTS Fácil -que não inclui os
juros de 3% em seus cálculos-,
desde dezembro de 2002 os
trabalhadores já perderam
29,23% por conta da redução
da TR. Um exemplo da perda:
quem tinha R$ 10 mil no FGTS
em dezembro de 2002 tem hoje, quando a Caixa credita os
rendimentos de novembro, R$
14.250,14. Se fosse usado o
IPCA, essa conta deveria ter R$
18.415,27. Perda: R$ 4.165,13.
Segundo Mario Avelino, presidente do instituto, o uso da
TR já resulta em prejuízo acumulado de R$ 53,48 bilhões para todos os trabalhadores que
têm conta no FGTS.
O Ministério do Trabalho informou, por meio da assessoria
de imprensa, que o Conselho
Curador do FGTS sempre procura tomar decisões que beneficiem o trabalhador.
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