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PIB / QUARTO TRIMESTRE
Crise interrompe ritmo de alta de produção e vendas
Caem atividade industrial, vendas de carros e fluxo de veículos nas estradas
Sondagem Conjuntural da FGV constata redução na confiança dos empresários e expectativas pessimistas para os negócios em 2009
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução da oferta de crédito e da demanda externa, como
principal efeito da crise econômica mundial, interrompeu,
neste último trimestre do ano,
o ciclo de crescimento de produção e vendas e abalou a confiança dos consumidores e dos
empresários, na avaliação de
economistas e de representantes da indústria e do comércio.
Em outubro e novembro deste ano, o emplacamento de veículos novos -considerado um
dos principais termômetros da
economia- caiu 13,4% na comparação com igual período do
ano passado, após subir 27% de
janeiro a setembro deste ano
sobre igual período de 2007.
A indústria eletroeletrônica,
outro exemplo, vendeu 15%
menos em outubro e novembro
em relação a igual período de
2007 e vinha com crescimento
de 12% sobre igual período de
2007, segundo informa um empresário do setor.
"O cenário econômico brasileiro é completamente outro
neste trimestre. Os setores
mais dependentes de financiamento foram os mais afetados",
afirma Júlio Gomes de Almeida, consultor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Outro indicador de que este
trimestre será mais fraco que o
anterior é o fluxo de veículos
pesados nas estradas, que caiu
2% em novembro em relação a
outubro e 1% sobre novembro
do ano passado. Em outubro, o
fluxo de veículos pesados nas
estradas já havia caído 0,8% sobre setembro, segundo a ABCR
(Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) e a
Tendências Consultoria.
"Já dá para afirmar que este
trimestre será mais fraco do
que o trimestre anterior, considerando, principalmente, a
queda de confiança dos empresários", diz Cláudia Oshiro,
economista da Tendências.
Em novembro, Sondagem
Conjuntural da FGV (Fundação Getulio Vargas) com cerca
de 1.100 indústrias constatou
redução na confiança dos empresários, o que significa piora
nas expectativas para os negócios e para a economia. Medida
em pontos, a queda na confiança foi de 104,4 pontos para 84,1
pontos, o nível mais baixo desde julho de 2003.
"Constatamos na sondagem
que, em novembro, houve aumento de estoques, redução de
demanda interna e externa e
expectativas mais pessimistas
para os negócios", diz Jorge
Braga, coordenador da Sondagem Conjuntural da FGV.
Fabio Romão, economista da
LCA Consultores, diz que o dado da produção industrial de
outubro -queda de 1,7% sobre
setembro, segundo o IBGE- já
foi um sinal de que este trimestre seria mais fraco do que o
terceiro. Ele estima que a produção industrial em novembro
deve cair 3% sobre novembro
do ano passado e também 3%
sobre outubro deste ano.
A Associação Comercial de
São Paulo constatou redução
no consumo a partir de outubro. As vendas a prazo, medidas
pelo número de consultas ao
SPC, que vinham crescendo
8,3% de janeiro a setembro deste ano, cresceram 2,8% em outubro, novembro e início deste
mês sobre igual período de
2007. No caso das vendas à vista, que vinham crescendo 5,6%
de janeiro a setembro deste
ano, a associação registra queda de 1,1% a partir de outubro
sobre igual período de 2007.
"Isso só muda se a oferta de
crédito voltar a crescer e o consumidor voltar a ter confiança
na economia", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP.
Pesquisa de intenção de
compras para o Natal feita pela
Ipsos mostra o receio do consumidor com os gastos. Das pessoas ouvidas em todo o país,
69% informaram que farão
compras neste final de ano e
76% delas disseram que a forma de pagamento será à vista.
"Esses números sugerem que
o Natal vai acontecer nas ruas
de comércio popular e que as
compras serão de produtos de
baixo valor", afirma Alfieri.
Existe grande expectativa em
relação ao desempenho da economia a partir do primeiro trimestre de 2009 quando, tradicionalmente, os negócios já são
mais fracos. "Vamos passar de
um ano em que a economia estava aquecida para um ano de
esfriamento de atividade, com
impacto negativo no emprego",
afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
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