São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PIB / REPERCUSSÃO

Indústria pede redução de impostos e juros

Entidades dizem que diminuição da carga tributária e da Selic amenizaria efeitos da crise sobre o crescimento do país

Para oposição ao governo no Congresso, resultado do PIB não reflete situação de crise econômica já vivida pelo setor produtivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Embora considerem satisfatório o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre, indústria, comércio e trabalhadores afirmam que o país ainda precisa se livrar dos entraves ao seu crescimento econômico.
Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o Banco Central deve reduzir os juros como "alternativa" para estimular a produção.
"Quando se fala em pagar 1% a mais na taxa Selic, significa um acréscimo de R$ 15 bilhões, em um ano, na atual divida interna. Diante das incertezas da crise, a solução mais eficaz é a redução imediata dos juros", disse, por meio de nota.
Já para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto, a compensação mais ágil de créditos tributários das empresas com o governo e a eliminação temporária do IOF poderiam dar mais fôlego ao setor produtivo. "São questões que precisam ser resolvidas", diz Monteiro, para quem o PIB do país deverá sofrer contração neste e no primeiro trimestre de 2009, por conta do avanço das turbulências globais.
Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), lembra que o volume de impostos sobre a produção subiu 10,1% em relação ao terceiro trimestre de 2007. "Ou seja, cresceu mais do que o próprio PIB. Isso mostra que a força dos impostos continua grande", disse.
De acordo com a Força Sindical, será fundamental a intervenção do governo no sentido de minorar os impactos da recessão mundial no Brasil.
Na avaliação de João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da central, "o governo deverá focar as medidas anticrise na ampliação dos gastos com investimentos em infra-estrutura e no relaxamento da política monetária".

Airbag
Na opinião do presidente da seguradora de crédito Coface, Fernando Blanco, o crescimento do PIB foi "surpreendentemente alto", o que não garante bom desempenho no futuro. "É como um carro que vinha a 160 km/h e teve de parar muito rápido. Quem não estiver com o airbag em dia terá problemas."
Segundo ele, quando a economia vai bem, crescem os estoques, as contas a pagar e a necessidade de crédito das empresas. "Se o financiamento breca e o sujeito pára de vender na ponta, é sinônimo de desastre", afirma.

Oposição
De acordo com os líderes oposicionistas no Congresso, o PIB não reflete a situação de crise sentida no país.
"O governo não reconhece um dos fatores mais preocupantes: a redução dos postos de trabalho, que será sentida no desempenho do próximo trimestre", disse o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
O vice-líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), ressalta que o resultado não reflete os sinais de asfixia que já são dados pelo setor produtivo.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), comparou: "Esse resultado reflete a seguinte situação: o sujeito tem um barco, um apartamento e há uma ordem na Justiça para tomar isso dele".

Colaborou a Sucursal de Brasília



Texto Anterior: PIB / Quarto trimestre: Crise interrompe ritmo de alta de produção e vendas
Próximo Texto: Entrevista 1: Figueiredo vê dois trimestres de PIB negativo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.