São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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entrevista 1

Figueiredo vê dois trimestres de PIB negativo

DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-diretor do BC, Luiz Fernando Figueiredo afirma que podemos ter dois trimestres seguidos de retração no PIB. Para ele, os investimentos sofrerão um parada brusca, enquanto o consumo terá desaceleração suave.

 

FOLHA - Após alta de cerca de 7%, qual a perspectiva para o PIB?
LUIZ FERNANDO FIGUEIREDO
- Sem dúvida, esse é um número que olha a atividade pelo retrovisor. Esperamos uma forte desaceleração, possivelmente com a economia entrando em uma recessão técnica -dois trimestres de PIB negativo na margem [ante o trimestre anterior]- na primeira metade de 2009.

FOLHA - Quais os riscos de desaceleração da economia agora?
FIGUEIREDO
- O investimento privado, que foi o principal vetor dos fortes números até agora, será também o maior responsável pela virada. As expectativas dos empresários e a taxa de câmbio apontam para uma brusca parada na absorção de máquinas e equipamentos já a partir do quarto trimestre. O setor público não deverá pisar no freio, principalmente em razão dos bons resultados e da dinâmica da dívida.

FOLHA - O consumo interno vai segurar o crescimento em 2009?
FIGUEIREDO
- O consumo deverá apresentar uma desaceleração mais suave, primeiro concentrada nos segmentos mais dependentes de crédito, como bens duráveis. Ao longo do ano, essa desaceleração deverá ser mais generalizada, dependendo muito do mercado de trabalho.

FOLHA - O quanto o setor externo pode nos prejudicar?
FIGUEIREDO
- O Brasil não é uma ilha, apesar da baixa penetração do comércio externo no PIB. A magnitude do efeito da crise mostra o quanto somos dependentes do ânimo do resto do mundo.

FOLHA - Como reagirá o BC?
FIGUEIREDO
- Esse número contribui para uma atitude mais conservadora do BC. Por mais que seja um número que olha o passado, é preciso ter em mente a importância do ponto de partida. Vemos uma rápida e brusca reversão deste momento, que se traduzirá em uma dinâmica mais favorável para a política monetária. Possivelmente, viabilizando corte de juros já no início de 2009.


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