Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista 1
Figueiredo vê dois trimestres de PIB negativo
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-diretor do BC, Luiz
Fernando Figueiredo afirma
que podemos ter dois trimestres seguidos de retração
no PIB. Para ele, os investimentos sofrerão um parada
brusca, enquanto o consumo
terá desaceleração suave.
FOLHA - Após alta de cerca de
7%, qual a perspectiva para o PIB?
LUIZ FERNANDO FIGUEIREDO -
Sem dúvida, esse é um número que olha a atividade pelo retrovisor. Esperamos
uma forte desaceleração,
possivelmente com a economia entrando em uma recessão técnica -dois trimestres
de PIB negativo na margem
[ante o trimestre anterior]-
na primeira metade de 2009.
FOLHA - Quais os riscos de desaceleração da economia agora?
FIGUEIREDO - O investimento
privado, que foi o principal
vetor dos fortes números até
agora, será também o maior
responsável pela virada. As
expectativas dos empresários e a taxa de câmbio apontam para uma brusca parada
na absorção de máquinas e
equipamentos já a partir do
quarto trimestre. O setor público não deverá pisar no
freio, principalmente em razão dos bons resultados e da
dinâmica da dívida.
FOLHA - O consumo interno vai
segurar o crescimento em 2009?
FIGUEIREDO - O consumo deverá apresentar uma desaceleração mais suave, primeiro
concentrada nos segmentos
mais dependentes de crédito, como bens duráveis. Ao
longo do ano, essa desaceleração deverá ser mais generalizada, dependendo muito
do mercado de trabalho.
FOLHA - O quanto o setor externo pode nos prejudicar?
FIGUEIREDO - O Brasil não é
uma ilha, apesar da baixa penetração do comércio externo no PIB. A magnitude do
efeito da crise mostra o
quanto somos dependentes
do ânimo do resto do mundo.
FOLHA - Como reagirá o BC?
FIGUEIREDO - Esse número
contribui para uma atitude
mais conservadora do BC.
Por mais que seja um número que olha o passado, é preciso ter em mente a importância do ponto de partida.
Vemos uma rápida e brusca
reversão deste momento,
que se traduzirá em uma dinâmica mais favorável para a
política monetária. Possivelmente, viabilizando corte de
juros já no início de 2009.
Texto Anterior: PIB / Repercussão: Indústria pede redução de impostos e juros Próximo Texto: Entrevista 2: Crédito e setor externo desafiam PIB, diz Carneiro Índice
|