São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista 2

Crédito e setor externo desafiam PIB, diz Carneiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Crítico da política de juros altos do BC, o professor Ricardo Carneiro, da Unicamp, afirma que o governo tem um papel importante para impedir uma desaceleração brusca em 2009. Para ele, o desafio no curto prazo será retomar o crédito e manter a renda. No longo prazo, a dificuldade será financiar as contas externas em um período de retração mundial.

 

FOLHA - Quais os riscos de se desacelerar após crescer quase 7%?
CARNEIRO
- É complicado a internalização da crise, com essa taxa de câmbio [alta] e o sumiço do crédito. Tivemos uma parada brusca do crédito; se continua, não sei. Se o governo tomar algumas medidas para compor o circuito do crédito, não dá para pensar que isso se prolongue. Os bancos privados pegaram os recursos do compulsório e não retomaram o financiamento tanto às empresas quanto ao consumidor.

FOLHA - Quais os desafios?
CARNEIRO
- No curto prazo, é resolver a restrição do crédito. No médio prazo, é o financiamento do balanço de pagamentos. Reconstruindo o crédito, vai puxando de novo o nível de produção. Agora, não pode acelerar muito porque vai ter problema de financiamento externo. As condições estão mais desfavoráveis. O mundo vai absorver menos exportações.

FOLHA - O mercado interno pode garantir a expansão em 2009?
CARNEIRO
- Não existe componente todo doméstico porque temos um coeficiente importado [alto]. Podemos até estimular o consumo das classes mais baixas. Mesmo que se consiga uma taxa de crescimento com menos necessidade de importação, alguma necessidade de financiamento externo terá. E o gasto público vai desempenhar também um papel importante. Vai dar o patamar de renda que vai ficar.

FOLHA - O resultado do PIB ajuda o Copom a segurar o juro alto?
CARNEIRO
- Isso é olhar para o retrovisor. No regime de metas, a obrigação da política monetária é olhar o futuro. Se olhar para a frente, não há nenhum risco de retomada da inflação. Talvez o BC use isso para a manutenção da taxa de câmbio. Se a aversão ao risco subir, não vai segurar a saída de estrangeiro.


Texto Anterior: Entrevista 1: Figueiredo vê dois trimestres de PIB negativo
Próximo Texto: Artigo: Crise teve efeito mais defasado no Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.