São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Lula convoca Meirelles e Mantega para debater ações

Fazenda propõe reduções de impostos para estimular a economia em 2009

Medidas anticrise devem ser anunciadas hoje; à noite, Copom define nova taxa básica de juros sob pressão do governo para fazer corte

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que hoje define a taxa básica de juros para as próximas seis semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para avaliar novas medidas para estimular a economia no primeiro semestre de 2009.
Preocupado com o aumento do desemprego e com o risco de retração econômica, conseqüências da crise global, Lula vem pressionando o BC para reduzir a taxa de juros, atualmente em 13,75% ao ano. Mais preocupada em manter a inflação sob controle, a diretoria do banco, mesmo dividida, vem argumentando que o cenário interno ainda é de incertezas.
Apesar disso, a equipe de Mantega preparou um pacote com medidas para ajudar quatros setores que considera vitais para a economia brasileira: construção civil, agricultura, montadoras e bens de capital, além de redução de tributos para estimular o consumo. A expectativa dos assessores de Mantega é que, aprovadas por Lula, parte dessas medidas possa ser anunciada hoje.
A reunião com o presidente, da qual a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) participou durante uma parte, terminou por volta das 21h30, mas nada foi divulgado. Embora tenha dado autonomia ao BC, Lula tem ouvido de economistas nas últimas semanas que o cenário econômico mudou muito desde outubro, quando a crise financeira se agravou nos EUA.
Nesse período, segundo os argumentos apresentados ao presidente, parte do objetivo que o BC tenta alcançar com a taxa de juros -reduzir o consumo e desaquecer a economia- foi obtido com o agravamento da crise financeira e que, agora, a maior preocupação do governo não seria mais a inflação, e sim a retração da economia.
Nesse cenário, seria fundamental reduzir a taxa de juros como medida complementar ao que já foi feito pelo crédito.
Além de reduzir compulsório, o que já liberou cerca de R$ 90 bilhões, o BC fez venda direta de dólares, realizou leilões da moeda para exportadores e o Ministério da Fazenda deu mais prazo às empresas para recolherem tributos federais.
Entre as medidas levadas por Mantega a Lula estavam reduções do IOF nas operações de crédito, do IR, do IPI e do prazo de pagamento de obras públicas. O principal problema é a previsão de queda na arrecadação de tributos em 2009.
Com o objetivo de ampliar a oferta de crédito pelo BNDES, Lula assinou ontem medida provisória que libera repasse de US$ 2 bilhões do Banco Mundial (Bird) para a instituição.


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