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REGRAS DO JOGO
Com nomeações, Planalto terá controle sobre setores estratégicos
Governo irá obter maioria
em agências em fevereiro
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula poderá assumir
o poder no conselho diretor de
duas das principais agências reguladoras -ANTT (transportes) e
ANP (petróleo)- já em fevereiro.
Até lá, o governo poderá indicar
cinco nomes para essas diretorias
e terá pelo menos três indicados
em cada conselho, número que
confere maioria nas agências.
Ainda neste ano, até novembro,
o governo terá indicado a maioria
no conselho da Anatel (telecomunicações). Nessa data, vence o
mandato do atual vice-presidente
da agência, Antônio Carlos Valente. Na mesma Anatel o governo já tem uma indicação -Pedro
Jaime Ziller, atual presidente- e
já pode indicar um nome para a
vaga aberta por Luiz Guilherme
Schymura, que, convencido a deixar a presidência da agência, renunciou também ao conselho.
Na Aneel (Energia), caso não
haja nenhuma renúncia, o governo só terá maioria em maio de
2005. O presidente da agência, no
entanto, poderá ser trocado ainda
neste ano. O mandato de José Mário Abdo termina em dezembro.
As principais decisões das agências que regulam os setores de
transportes, de energia, de telecomunicações e de petróleo e gás
são tomadas pelos conselhos diretores, que têm quatro (ANP) ou
cinco membros (Anatel, Aneel e
ANTT). A decisão se dá por maioria simples -é garantida por três
diretores.
Além de tomar decisões que
afetam investimentos nessas
áreas, a maioria no conselho diretor garante todos os cargos importantes dentro da agência. Isso
acontece porque a nomeação para todos os outros cargos de chefia, como superintendente ou delegado das agências nos Estados,
ocorre após aprovação do nome
pelo conselho diretor.
Até o final de 2006, Lula poderá
indicar no mínimo 14 nomes para
cargos de direção nas quatro principais agências (ANTT, ANP,
Aneel e Anatel). O número pode
aumentar para 17 caso haja desistência dos atuais diretores de
cumprir seu mandato até o final.
Três dessas vagas já estão abertas porque um diretor da ANP e
outro da ANTT desistiram de
completar seus mandatos. Luiz
Guilherme Schymura, ex-presidente da Anatel, também pediu
demissão de seu cargo de diretor.
Os diretores das agências têm
mandatos estáveis de quatro anos
(ANP, ANTT e Aneel) e cinco
anos (Anatel). Portanto os dirigentes nomeados sob Lula tomarão decisões também no próximo
governo. Para alguns cargos, o
presidente poderá fazer indicação
duas vezes. É o caso de diretores
que abandonaram mandatos antes de seu vencimento.
Luis Augusto Horta, por exemplo, que teria mandato até novembro de 2005, deixou a ANP
em dezembro do ano passado.
Nesse caso, o governo pode fazer
uma indicação agora e outra no
fim do mandato original, para a
mesma vaga.
Os nomes indicados por Lula terão que ser aprovados pelo Senado, o que nem sempre é fácil.
Perfil
Lula tem optado por um perfil
menos técnico nas suas indicações para cargos nas agências.
Francisco de Oliveira Filho, nomeado para ocupar um cargo na
ANTT (transportes), não tem experiência prática no setor. Formado em história e filosofia, com
pós-graduação em marketing,
Oliveira Filho é indicação política
do senador Hélio Costa (PMDB-MG) e era superintendente de comunicação social da Cemig.
O perfil de Oliveira Filho destoa
do resto da diretoria da ANTT. Os
outros diretores ou tiveram passagem pelas estatais RFFSA (Rede
Ferroviária Federal) e Geipot
(Empresa Brasileira de Planejamento em Transportes) ou têm
pós-graduação na área.
Apesar de ter sido nomeado em
outubro, Oliveira Filho ainda não
assumiu seu cargo na agência.
Os diretores das demais agências também têm perfil técnico.
Os da Anatel, na sua maioria, são
engenheiros em telecomunicações e trabalharam no sistema Telebrás. Pedro Jaime Ziller, indicado pelo governo para ocupar a
presidência da agência, é engenheiro e trabalhou no sistema Telebrás, mas tem sua carreira marcada pela atuação como sindicalista do setor.
Na Aneel, são todos engenheiros. Na ANP, com exceção do presidente da agência, os diretores
são todos engenheiros ou geólogos, com pós-graduação. O presidente, Sebastião do Rêgo Barros, é
diplomata e foi embaixador do
Brasil na Argentina. Haroldo Lima, indicado pelo atual governo,
também é engenheiro, mas seguiu carreira de deputado federal
pelo PC do B da Bahia.
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