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Aperto fiscal de 2006 deverá ficar entre 4,35% e 4,40%, superando meta
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu alcançar em 2006 um superávit primário -economia usada para
pagar juros da dívida- entre
4,35% e 4,40% do PIB, considerando a União, Estados e municípios. Com isso, obteve um resultado mais de R$ 2 bilhões
acima da meta de 4,25% do PIB
definida para o ano passado.
O resultado definitivo ainda
depende da apuração dos gastos dos últimos dias do ano,
mas, segundo a Folha apurou,
o percentual não deve se alterar significativamente.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) comemorou o resultado. Considerado integrante
da chamada ala "desenvolvimentista", ele acredita que o
resultado acima da meta em
2006 contribuirá para desfazer
parte da imagem de gastador.
No início do governo, quando estava no Planejamento, foi
crítico ferrenho da política econômica em vigor e em mais de
um momento lutou por reduções no superávit primário.
O resultado de 2006 ficará
acima das projeções do mercado. Na sondagem do BC, os
analistas estavam prevendo o
cumprimento da meta, sem nenhum excesso. Os dados divulgados pelo BC mostram que até
novembro o superávit primário
estava em 5,09% do PIB.
A redução para cerca de
4,35% em dezembro é explicada pela alta concentração de
gastos no mês. Além do pagamento do 13º salário dos servidores, a liberação de mais gastos para obras e investimentos
é tradicionalmente acelerada
no último mês do ano.
O desempenho das contas
públicas em 2006, no entanto,
foi bastante inflado pelos dividendos pagos pelas empresas
estatais, especialmente os bancos. Até novembro, elas transferiram R$ 9,6 bilhões ao Tesouro Nacional, um aumento
de 139% em relação a 2005.
No caso dos bancos federais,
os dividendos têm impacto direto no superávit primário,
pois são contabilizados apenas
como receita da União. Até novembro, esses repasses totalizaram R$ 6,575 bilhões.
Para fechar suas contas, o governo chegou a mudar a política de pagamento de dividendos
dos bancos federais. A CEF
(Caixa Econômica Federal),
por exemplo, que distribuía entre 25% e 35% de seu lucro na
forma de dividendos, aumentou esse percentual para 45%.
As receitas inflam o caixa do
governo, mas podem não se repetir em 2007, o que gera incerteza sobre a capacidade de
cumprimento das metas de superávit. A dependência das receitas extraordinárias para o
cumprimento das metas é considerada pelos analistas financeiros uma fragilidade crescente do ajuste fiscal.
A economia feita pelo governo vem superando a meta fixada desde 2004. Só em 2003,
primeiro ano do governo Lula,
o superávit foi de 4,25%.
A meta, entretanto, havia sido elevada. O então ministro
Antonio Palocci (Fazenda)
convenceu o presidente a elevar o esforço fiscal de 3,75% do
PIB para os 4,25% que vigoram
até hoje.
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