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FINANCIAMENTOS
Medidas em estudo objetivam dar partida o mais rápido possível em ações que possam reativar a economia
Governo pode elevar crédito ao setor público
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O governo estuda mudanças
nas regras de contingenciamento
de crédito ao setor público para
poder aumentar o acesso de empresas estatais e governos estaduais e municipais aos empréstimos dos bancos oficiais (Banco
do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Caixa Econômica Federal).
O anúncio da flexibilização das
regras de contingenciamento de
crédito ao setor público poderá
ser feito nesta semana, durante
encontro de mais de 2.000 prefeitos que começa hoje e termina na
quinta-feira em Brasília.
O contingenciamento de crédito foi determinado por resolução
do Banco Central nos anos 80 e
funciona como uma espécie de
congelamento do saldo devedor
das estatais e dos governos estaduais e municipais. Na prática,
como as regras da resolução do
BC são muito rígidas, o contingenciamento inviabiliza novos
empréstimos públicos a estatais e
governos.
De acordo com o que a Folha
apurou, o governo pretende dar
partida, o mais rápido possível, a
uma série de ações que dêem início a uma virada para reativar o
crescimento da economia. A flexibilização das regras de contingenciamento de crédito ao setor público é uma dessas medidas em
estudo.
O assunto foi discutido em reunião realizada na sexta-feira passada, no Palácio do Planalto, com
os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento), Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento), além de Cássio Casseb (BB), Carlos Lessa
(BNDES) e Jorge Mattoso (CEF).
Ontem à noite, Dirceu e Palocci
voltaram a se reunir com outros
integrantes da equipe econômica
para discutir a possibilidade de
antecipar o anúncio de alguma
dessas medidas em análise para a
reativação da economia. A flexibilização do contingenciamento de
crédito é uma delas.
Uma das regras que podem sem
flexibilizadas, por exemplo, é a
que obriga a estatal ou o governo
estadual ou municipal a estar com
as contas em dia há quatro anos.
O prazo pode cair para dois anos.
De acordo com o que a Folha
apurou, só com essa decisão de
flexibilização do contingenciamento do crédito, o governo calcula que poderão ser criados 650
mil novos empregos até 2005.
Restrições mantidas
O economista Raul Velloso
acha, no entanto, que o governo
poderá mexer aqui e ali nas regras
de contingenciamento de crédito
público, mas ainda manterá uma
série de restrições, já que a meta
de superávit primário, de 4,25%
do PIB para este ano, exigirá muito sacrifício do setor público.
Outras medidas estão sendo
analisadas. Os bancos oficiais discutem, por exemplo, a possibilidade de baixar os juros de seus
empréstimos. A idéia é reduzir os
"spreads" (taxas de risco) para os
empréstimos àqueles considerados bons pagadores.
A intenção do governo é os bancos oficiais darem a partida para
uma baixa geral dos juros das instituições financeiras.
De acordo com o que a Folha
apurou, também é possível que o
governo anuncie ainda hoje, durante a reunião com os prefeitos,
alguns programas da CEF nas
áreas de saneamento e habitação.
Na reunião de sexta-feira passada, Mattoso apresentou uma série
de propostas nas áreas de crédito,
habitação e saneamento.
Entre as propostas, a de que a
CEF pode ser avalista de empréstimos aos municípios. Seria uma
forma de o governo ajudar os municípios sem dar dinheiro de uma
forma direta e sem desrespeitar a
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Outro programa defendido por
Mattoso é o de saneamento. A
CEF tem condições de investir R$
1,4 bilhão em saneamento.
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