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Balanço da Petrobras vazou dois dias antes
Cem pessoas tiveram acesso antecipado aos dados
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse
ontem que dados do mais recente balanço financeiro da
companhia, referentes ao quarto trimestre de 2008, vazaram
para o mercado financeiro de
quarta para quinta-feira, dois
dias antes da divulgação oficial
havida na sexta-feira à noite.
A companhia constituiu, anteontem, comissão de sindicância para investigar a origem
e a extensão do vazamento. Segundo o diretor, mais de cem
pessoas podem ter manuseado
o relatório preliminar do balanço e originado o vazamento.
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), que fiscaliza o
mercado de capitais, está examinando os negócios com as
ações da companhia antes da
divulgação do balanço.
A empresa teve lucro de R$
7,4 bilhões no último trimestre,
32% menor do que o apurado
nos três meses anteriores. O
desempenho foi afetado pela
queda do preço do petróleo no
mercado internacional.
Barbassa disse ter sido informado sobre o vazamento minutos antes de fazer a divulgação
oficial do balanço. O relatório
passa pelas áreas de contabilidade, de relações com investidores, por auditores externos e
por tradutores, uma vez que é
divulgada versão em inglês.
Segundo ele, a companhia
não sabe que informações vazaram, mas seriam dados preliminares e não definitivos.
O jornal "Valor Econômico"
noticiou, na edição de ontem,
que teve acesso na sexta-feira,
antes da divulgação oficial, a
um relatório de 44 páginas. O
texto era praticamente igual ao
distribuído pela empresa após
o fechamento do pregão.
Descolamento
O vazamento passou despercebido pela Bolsa de Valores e
pela CVM, que souberam do
ocorrido apenas anteontem.
A Bovespa, segundo sua assessoria, não detectou anormalidade nos negócios com a Petrobras, na sexta-feira, quando
o valor das ações ordinárias,
com direito a voto, caiu 1,83% e
o das preferenciais (sem direito
a voto) recuou 1,26%.
Para o analista de investimentos do Banco do Brasil Nelson Mattos, a queda das ações
na sexta-feira foi atípica, porque os papéis da Petrobras vinham em alta desde que a empresa divulgou seu plano estratégico, no fim de janeiro.
Há divergência entre os analistas. Para Luiz Otávio Broad,
da Corretora Ágora, a queda
das ações da estatal foi compatível com as variações na Bolsa.
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