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Petrobras admite que pode rever sistema de reajustes quinzenais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras admite que poderá
acabar com o sistema de reajustes
da gasolina a cada 15 dias. De
acordo com o presidente da empresa, Francisco Gros, "se todo
mundo chegar à conclusão de
que, em vez de ajudar, está atrapalhando, eliminamos os 15 dias".
De acordo com Gros, as distribuidoras de combustíveis reclamam
que o mecanismo criado pela estatal dá margem à especulação.
Nesta semana, o pré-candidato
tucano à Presidência, José Serra,
criticou publicamente a política
de reajuste dos combustíveis adotada pela Petrobras.
Ontem o presidente da Petrobras se reuniu com o presidente
Fernando Henrique Cardoso e
com o ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, separadamente. Após as reuniões, disse
que o sistema de reajuste quinzenal está mantido por enquanto e
que não está havendo pressão do
governo para que a Petrobras não
reajuste a gasolina.
Ao anunciar o último reajuste, em 3 de
abril, a Petrobras divulgou nota
informando que "reajustará seus
preços de gasolina, para cima ou
para baixo, quando, nos 15 dias
anteriores, a média dos preços internacionais tiver oscilado em
percentual superior a 5% em relação à média dos 15 dias que antecederam a data de divulgação do
reajuste anterior".
Ontem, Gros disse que esse mecanismo não poderia ser entendido como um gatilho que obrigasse a empresa a aumentar o preço
da gasolina sempre que houvesse
variação superior a 5%. "É importante que fique claro que não há
nenhum compromisso com aumento de preço", disse Gros.
Ainda de acordo com o presidente da Petrobras, quando houver queda do preço do petróleo no
mercado internacional, a redução
no preço da gasolina poderá
acontecer mesmo que a variação
seja inferior a 5%. Essa possibilidade também não era prevista na
nota divulgada pela Petrobras.
Eleições
Gros não quis comentar às críticas de senador José Serra (PSDB-SP). Para Serra, é um absurdo a
empresa, que produz de 70% a
80% do petróleo consumido no
país, repassar integralmente para
os preços internos a alta do produto no mercado internacional.
"Nós temos uma recomendação
muita clara do presidente no sentido de que governo é governo e
campanha é campanha. Eu cuido
da parte da administração da empresa, e os candidatos, cada um
deles, devem cuidar das suas campanhas", disse Gros.
A Folha apurou no Ministério
da Fazenda que as críticas de Serra não são integralmente rejeitadas pela equipe econômica.
Os técnicos também afirmam
que os preços não podem ser livres -não há concorrência no refino. Mas consideram que os preços da Petrobras não deveriam ter
como base o custo de produção
interno. Seria o mesmo que deixar de vender mais caro no exterior para vender barato no Brasil.
No ano passado, alguns setores
do governo estudaram o sistema
de reajuste em países que têm preços livres. Em alguns países europeus, por exemplo, é usada uma
política de tetos. Ou seja, o preço
só cai ou aumenta se bater no valor mínimo ou no máximo. A
idéia é evitar volatilidade excessiva no setor, o que contamina outros preços. (HUMBERTO MEDINA e SÍLVIA MUGNATTO)
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