São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 2002

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Petrobras admite que pode rever sistema de reajustes quinzenais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras admite que poderá acabar com o sistema de reajustes da gasolina a cada 15 dias. De acordo com o presidente da empresa, Francisco Gros, "se todo mundo chegar à conclusão de que, em vez de ajudar, está atrapalhando, eliminamos os 15 dias". De acordo com Gros, as distribuidoras de combustíveis reclamam que o mecanismo criado pela estatal dá margem à especulação.
Nesta semana, o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, criticou publicamente a política de reajuste dos combustíveis adotada pela Petrobras.
Ontem o presidente da Petrobras se reuniu com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, separadamente. Após as reuniões, disse que o sistema de reajuste quinzenal está mantido por enquanto e que não está havendo pressão do governo para que a Petrobras não reajuste a gasolina.
Ao anunciar o último reajuste, em 3 de abril, a Petrobras divulgou nota informando que "reajustará seus preços de gasolina, para cima ou para baixo, quando, nos 15 dias anteriores, a média dos preços internacionais tiver oscilado em percentual superior a 5% em relação à média dos 15 dias que antecederam a data de divulgação do reajuste anterior".
Ontem, Gros disse que esse mecanismo não poderia ser entendido como um gatilho que obrigasse a empresa a aumentar o preço da gasolina sempre que houvesse variação superior a 5%. "É importante que fique claro que não há nenhum compromisso com aumento de preço", disse Gros.
Ainda de acordo com o presidente da Petrobras, quando houver queda do preço do petróleo no mercado internacional, a redução no preço da gasolina poderá acontecer mesmo que a variação seja inferior a 5%. Essa possibilidade também não era prevista na nota divulgada pela Petrobras.

Eleições
Gros não quis comentar às críticas de senador José Serra (PSDB-SP). Para Serra, é um absurdo a empresa, que produz de 70% a 80% do petróleo consumido no país, repassar integralmente para os preços internos a alta do produto no mercado internacional.
"Nós temos uma recomendação muita clara do presidente no sentido de que governo é governo e campanha é campanha. Eu cuido da parte da administração da empresa, e os candidatos, cada um deles, devem cuidar das suas campanhas", disse Gros.
A Folha apurou no Ministério da Fazenda que as críticas de Serra não são integralmente rejeitadas pela equipe econômica.
Os técnicos também afirmam que os preços não podem ser livres -não há concorrência no refino. Mas consideram que os preços da Petrobras não deveriam ter como base o custo de produção interno. Seria o mesmo que deixar de vender mais caro no exterior para vender barato no Brasil.
No ano passado, alguns setores do governo estudaram o sistema de reajuste em países que têm preços livres. Em alguns países europeus, por exemplo, é usada uma política de tetos. Ou seja, o preço só cai ou aumenta se bater no valor mínimo ou no máximo. A idéia é evitar volatilidade excessiva no setor, o que contamina outros preços. (HUMBERTO MEDINA e SÍLVIA MUGNATTO)

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