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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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LUÍS NASSIF

Direito de defesa

Recebo o seguinte e-mail de Flávia Alexandre do Bem:
"Sr. Luis Nassif,
Meu nome é Flávia e sou filha do sr. João Gregório de Bem, sócio cotista da Indústria Cataguases de Papel Ltda., empresa "responsável" ou co-responsável pelo vazamento da lixívia preta no rio Pomba. Acompanhando os fatos e as informações desde o acidente e verificando o pouco interesse da imprensa em contar a história completa, por um lado, e o desejo incontrolável de julgar e prender um culpado qualquer, por outro, resolvi fazer alguma coisa.
(...) O Grupo Matarazzo, em dificuldade financeira, após longa disputa judicial, entregou a fábrica como pagamento de débitos trabalhistas aos funcionários.
A Indústria Cataguases de Papel foi formada após esse episódio, quando investidores compraram a fábrica dos ex-funcionários da Matarazzo. O sr. João Gregório de Bem, meu pai, faz parte do quadro societário desde a fundação. Recebeu 5% das quotas do capital social, doadas pelos investidores como reconhecimento/pagamento pelos serviços de assessoria e consultoria prestados no negócio.
(...) É fundamental salientar que a Cataguases produz papel reciclado, processo que não produz lixívia como subproduto tóxico, sendo considerada não-poluente, fato este atestado por laudos técnicos e até agora não divulgados pela imprensa.
Gostaria de deixar claro que reconheço a "responsabilidade" da Cataguases pelo passivo ambiental, mas a atuação das autoridades foi omissa, para falar o mínimo, e quase nada é dito sobre isso.
O pH da água colhida a poucos quilômetros da lagoa, logo após o acidente, era 9 (nove), básico, por conta da soda cáustica, e comprovado por laudos técnicos. Entretanto medições feitas nas águas dos rios em Campos constatou pH de até 13. Como pode uma solução química cair na água de um rio, tendo ocorrido chuvas em seguida e mesmo assim a concentração de pH aumentar? (...)
Temos informações de testemunhas em Minas Gerais que nos dias seguintes ao vazamento da lixívia o gado das terras que divisam os rios afetados continuavam bebendo da água, sem nenhum prejuízo. Causa-me estranheza o fato de a imprensa ter mostrado gado morto em Campos, supostamente após ter ingerido água do rio afetado, vários dias após o vazamento. Como pode?
Na análise da água do rio em Campos (RJ), segundo informações, constatou-se a presença de enxofre, substância química não produzida na fabricação de papel, mas subproduto do clareamento do açúcar, por exemplo (...).
Fazendo uma analogia que cabe neste caso, foi expedido mandado de prisão preventiva para cada acionista da Petrobras após os vazamentos na baía de Guanabara? Ora, eles eram sócios da empresa, porém sem poderes de gerência, exatamente como meu pai (...)
* O meu pai não estava em Cataguases por coincidência infeliz. Ele teve um problema de hipertensão arterial e precisou ser internado no final de Março, após alta médica resolveu fazer consulta em um centro com mais recursos, até a imprensa dá-lo como foragido e procurado mesmo antes de o mandado de prisão ser expedido;
O motivo que me levou a escrever-lhe foi a sua atuação no episódio infeliz do casal dono da escolinha infantil em São Paulo (...) Não gostaria que houvesse o mesmo com meu pai".

E-mail - LNassif@uol.com.br


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