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Para Bird, importante é a guerra contra a pobreza
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
James Wolfensohn, o presidente do Banco Mundial, está perdendo a sua guerra particular: ele
bem que tentou ontem convencer
uma platéia de jornalistas de que,
mais importante que a guerra do
Iraque, é o que ela chama de "a
outra guerra", contra a pobreza.
Adiantou pouco: sete de cada
dez perguntas eram sobre Iraque
e sobre como o Bird poderia ou
deveria ajudar na reconstrução
do país.
Um jornalista indiano chegou a
perguntar se ele não se sentia desencorajado pelo fato de, no Iraque, "como resultado de uma invasão", e na África, como consequência de guerras civis, "primeiro destroem o país e depois pedem que o Banco Mundial o reconstrua".
Wolfensohn sorriu um sorriso
desconsolado e admitiu: "Bem, é
de fato estranho que haja guerras
e depois você tenha que consertar
os estragos, o que é seguido por
outras guerras que você tem que
consertar".
Completou: "Devo dizer que
acho guerras um grande desperdício".
Claro que a sua "guerra à pobreza" não se enquadra no quesito
desperdício, mas também nela
Wolfensohn está perdendo.
"Infelizmente, nos últimos quatro anos, a América Latina não
progrediu em termos de crescimento da renda per capita como
gostaríamos, e há o sempre presente problema da África, que é
arrasada por guerras, pela Aids, e
tem 47 países, o que significa 47
diferentes corpos governamentais, para 600 milhões de pessoas", admitiu.
Lembrou também um dado que
se vai tornando clássico -e petrificado: "Três bilhões vivem com
menos de US$ 2 por dia".
Bala de prata
Wolfensohn não se rendeu, no
entanto. Diz até que houve progressos, particularmente no leste
da Ásia e em alguns países do sul
do continente. Mas reconhece
que "não há bala de prata" para
resolver a questão da pobreza.
É por isso que ele insiste em que
os encontros de primavera do
FMI/Banco Mundial, que começam formalmente amanhã, deveriam ter a guerra à pobreza no
centro da agenda.
"O tema da pobreza e do desenvolvimento é fundamental e de
enormes proporções. É realmente, sem minimizar a questão do
Iraque, de proporções globais.
Não pode ser postergado por um
ou dois encontros".
O presidente do Banco Mundial
acha até que vencer a sua guerra
levaria a reduzir as outras guerras.
"A causa primária de conflitos e
do crime no mundo é a pobreza.
Se as pessoas tiverem esperança,
não sairão por aí atirando umas
nas outras", diz.
Se for verdade, ainda passará
muito tempo antes que as pessoas
parem de atirar umas nas outras:
as metas fixadas pela ONU na
chamada Cúpula do Milênio, realizada em 2002, prevêem para
2015 não eliminar a pobreza mas
reduzi-la à metade.
Pior: poucos países estão de fato
dando passos firmes para atingir
a meta.
(CLÓVIS ROSSI)
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