São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2006

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MARCHA LENTA

País passa de 4º para 22º, atrás de outros emergentes, diz levantamento

Produtividade da indústria cai 18 posições em ranking

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre 2000 e 2004, a indústria brasileira teve um ganho de produtividade de 1,3% ao ano, em média, segundo levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). O desempenho, que ficou abaixo dos números alcançados por emergentes como Índia, México e Argentina, fez com que o Brasil perdesse 18 posições numa lista de 23 países. Estava em 4º lugar e foi para 22º.
Pelo conceito utilizado pela CNI, produtividade é o índice que mede quanto a indústria é capaz de produzir com determinado número de funcionários. Em 2005, de acordo com o mesmo levantamento, a produtividade da indústria no Brasil caiu 1,4%.
Os números contrastam com os resultados alcançados pelo setor nos anos 90. Entre 1991 e 1995, por exemplo, a produtividade do setor industrial no Brasil cresceu, em média, 7,2% ao ano -desempenho que, para o período, valeu ao país a 6ª colocação no ranking elaborado pela CNI na época.
Para Renato da Fonseca, gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Avaliação da CNI, a queda na produtividade no setor está relacionada com a falta de investimentos. Segundo ele, os ganhos obtidos nos anos 90 estão relacionados à abertura da economia, que permitiu a importação de máquinas e equipamentos mais modernos, além de obrigar as empresas a modernizar suas operações para enfrentar a concorrência dos produtos estrangeiros.
"Para ter ganhos de produtividade, tem que ter investimento. E isso depende de expectativa de retorno e de custo", diz Fonseca.
O custo dos investimentos está relacionado à taxa de juros no Brasil, bem mais alta do que a média internacional. E a expectativa de retorno está ligada ao desempenho da economia, que, nos últimos anos, sofre altos e baixos. "Desde 2000, temos observado uma série de crises. O país começa a crescer e logo pára", afirma.
Segundo o estudo da CNI, a produtividade caiu entre 2001 e 2003, período marcado por crises como a moratória da Argentina e o racionamento de energia.
Já em 2002, a economia sofreu com os efeitos da especulação do mercado financeiro em torno da eleição presidencial. A recuperação, diz Fonseca, começou a ocorrer no final de 2003, mas foi interrompida por uma série de elevações nos juros iniciada pelo BC em setembro de 2004.
Agora, num cenário de queda dos juros e de contínuo crescimento da economia mundial, as perspectivas para o Brasil e para a indústria em especial, são positivas, diz o analista da CNI. "O que não pode acontecer é chegar ao final do ano e ter um arrocho de novo", diz Fonseca, numa referência à alta dos juros de 2004.


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