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TECNOLOGIA
Emissoras avaliam que processo está mais arrastado do que previam e reclamam de falta de informação
Redes já temem que
definição de TV digital não saia neste ano
DA SUCURSAL DO RIO
Enquanto a comitiva de ministros seguia para o Japão para discutir TV digital com o governo e
com empresas daquele país, os dirigentes das grandes redes de televisão reuniram-se, ontem à tarde,
em São Paulo, para analisar o nó
em que se transformou a discussão da TV digital no Brasil.
Globo, Record, Bandeirantes,
SBT e RedeTV!, segundo a Folha
apurou, avaliam que o processo
está muito mais arrastado do que
previam. Existe, na Globo, receio
de que não haja mais condição
política para um anúncio da decisão neste ano.
A Folha publicou, em março,
que o governo já se definiu pela
escolha do padrão japonês. Até
um mês atrás, era dada como certo o anúncio da escolha do padrão
ISDB, do Japão, mas houve ofensiva dos fabricantes europeus que
prolongou a disputa.
Os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Celso Amorim
(Relações Exteriores) viajaram
para Tóquio, onde se juntarão ao
ministro Luiz Fernando Furlan,
do Desenvolvimento. Na agenda,
há encontros com fabricantes de
equipamentos, com uma operadora de telefonia celular e com
uma emissora de televisão, além
das reuniões com o governo local.
Dirigentes de duas redes de TV
disseram à Folha que os radiodifusores estão sem informação de
dentro do governo.
"Cessou completamente a informação", disse Antonio Teles,
vice-presidente da Rede Bandeirantes. Segundo ele, a reunião
(realizada na Globo) não foi conclusiva e os os dirigentes avaliaram que terão de esperar o retorno dos ministros para uma nova
avaliação. "O consenso é que precisamos ficar atentos", resumiu.
O diretor do SBT Guilherme
Stoliar, um dos participantes da
reunião de ontem, disse que a definição da tecnologia da TV digital
conseguiu o fato de unir as grandes emissoras em torno de um
propósito. Elas sempre tiveram
posições divergentes, a ponto de
não conseguirem conviver dentro
da mesma entidade classista.
A Abert (Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão), por exemplo, representa a
Globo e suas afiliadas, mas não a
Bandeirantes, a Record e o SBT.
Na avaliação de Guilherme Stoliar, há mais gente no governo
opinando sobre a escolha da TV
digital do que deveria. Ele diz que
as emissoras defendem o sistema
japonês porque entendem que é o
único que permitiria a transmissão de TV em alta definição e a recepção gratuita dos sinais por
aparelhos móveis, como o telefone celular.
O ministro Hélio Costa já se declarou favorável à escolha do sistema japonês, mas, segundo Stoliar, haveria resistência por parte
de outros ministros.
As TVs receiam que governo
Lula deixe a decisão para a próxima administração, como ocorreu
na segunda gestão de FHC. Em
2002, o governo chegou a discutir
as contrapartidas comerciais para
a escolha da tecnologia de televisão digital, que seriam exigidas
dos fornecedores.
Já naquela ocasião, as emissoras
de TV defendiam o sistema japonês. A decisão acabou adiada em
razão da grande pressão dos fornecedores, que cobravam mais
discussão.
(ELVIRA LOBATO)
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