São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2007

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Venda do comércio cresce 7,9% no ano

Avanço no 1º trimestre, em comparação com 2006, é o maior desde 2004, de acordo com pesquisa realizada pela Serasa

Alta nas vendas do varejo especializado (material de construção, veículos) foi de 10,2%, impulsionada pelo cenário econômico favorável


TATIANA RESENDE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O volume de vendas do comércio varejista teve um aumento de 7,9% no primeiro trimestre deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2006. O crescimento nacional foi registrado pelo Indicador Serasa de Atividade do Comércio, que foi lançado ontem e será divulgado mensalmente.
Considerando a série desde o ano 2000 analisada pela Serasa, a alta é a maior desde o primeiro trimestre de 2004, quando houve aumento de 8,5% com relação ao ano anterior.
Mas, como 2003 foi um ano de freada econômica, ocasionada pela desconfiança dos mercados em relação à eleição do presidente Lula, com uma base de comparação muito baixa, o crescimento em 2007 é mais significativo. No mês de março, o aumento foi de 6,8% contra o mesmo mês de 2006.
A expansão das vendas no varejo foi causada pela maior oferta de crédito ao consumidor, a redução nos juros, a recuperação da renda real do trabalhador e a importação de bens de consumo impulsionada pela desvalorização do dólar.
Para Luiz Alberto Rabi, assessor econômico da Serasa, esse crescimento deve se manter nos próximos meses, mas tende a ser menor no decorrer do ano. "No segundo semestre, a base de comparação vai ficar mais forte" explicou.
O indicador dividiu as vendas em dois segmentos. No varejo especializado, que inclui veículos e material de construção, por exemplo, o crescimento foi de 10,2% no primeiro trimestre. Nos supermercados, hipermercados e varejo de alimentos e bebidas (mercearias, açougues, quitandas, distribuidoras), a alta foi de 5,6%.
Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, a variação na atividade comercial foi de 6,9%, e o desempenho se inverteu. O volume de vendas dos supermercados foi maior (7,9%) do que o do varejo especializado (5,5%).
O economista-chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, acrescentou outros motivos para alavancar as vendas, como o aumento menor das tarifas públicas, como água e luz, devido à inflação baixa, o que fez sobrar mais dinheiro no bolso do consumidor no final do mês.
Quando isso acontece, o trabalhador tende a satisfazer as necessidades imediatas, com alimentação e vestuário. Se a situação perdura, começa a comprar bens duráveis, como veículos, que se beneficiam com a facilidade de financiamento.
Na semana passada, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) divulgou que março foi o melhor mês em produção da história da indústria, com as vendas aquecidas pelo mercado interno.
Outro segmento beneficiado pela ampliação do crédito é o de material de construção, com vendas para as construtoras e para a população, que aproveita o aumento da renda e a confiança na continuidade do emprego para reformar. A Data Popular Pesquisa & Consultoria divulga amanhã estudo sobre o comércio de materiais de construção para a baixa renda, apontando que 68% dos gastos com moradia das classes C, D e E estão relacionados à reforma.
Fábio Pina, assessor econômico da Fecomercio SP, alerta para o perigo do endividamento do consumidor, que seria uma conseqüência natural do aumento da oferta de crédito e resultaria numa freada nas vendas. "Mas é muito difícil prever quando isso vai acontecer", disse, acrescentando que esse momento vai depender do ritmo de crescimento do país.


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