|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresas "congelam" aumentos a executivos
Crise leva acionistas a serem austeros em pagamento a diretorias e conselhos
Vivo, Petrobras, Bradesco, Usiminas e TIM reduziram ou mantiveram montante destinado a gastos com
seus executivos neste ano
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Em tempos de crise e de
questionamentos sobre a remuneração de executivos, empresas têm mostrado cautela
na fixação da remuneração de
seus conselheiros e diretores
para 2009. Levantamento da
Folha mostra que, em cinco
grandes companhias de capital
aberto, seus acionistas mantiveram ou reduziram os recursos totais máximos para tais
pagamentos, de seis que já definiram os valores deste ano.
Uma das primeiras a sair na
frente na redução dos salários
dos executivos foi a holding da
operadora Vivo, que a controla.
O teto baixou 28%, de R$ 5,047
milhões para R$ 3,92 milhões
entre 2008 e 2009. A empresa
foi seguida pela TIM Participações, que cortou 41%, de R$ 11
milhões para R$ 6,5 milhões, e
a Petrobras, que reduziu o máximo em 16%, de R$ 9,8 milhões para R$ 8,2 milhões.
Mantiveram o mesmo patamar de 2008 em pagamentos a
seus administradores a siderúrgica Usiminas (R$ 24 milhões) e o Bradesco (R$ 170 milhões). "A decisão de reduzir ou
manter seus salários é uma demonstração de austeridade
preventiva em relação à crise e
vai ser seguida por outras companhias", diz o professor Haroldo Mota, da Fundação Dom
Cabral, especialista em governança corporativa.
Das seis companhias verificadas, a Light, concessionária
de energia do Rio de Janeiro,
foi a única que elevou o pagamento de seus executivos. Foi
aprovado em assembleia com
acionistas o pagamento global
de R$ 1,9 milhão. O valor é 30%
superior ao R$ 1,47 aprovado
em 2008. A reportagem tentou
entrar em contato com a empresa, mas não localizou ninguém para comentar.
Especialistas acreditam que
poderá haver outros casos como o da Light. "Diante da crise,
a empresa pode estabelecer
metas mais ambiciosas do que
o normal e estimular os executivos com um prêmio a mais.
Mas a política recessiva deverá
ser a regra", diz Edison Garcia,
superintendente da Amec (Associação dos Investidores do
Mercado de Capitais).
A estrutura de administração
das companhias abertas compreende um grupo de conselheiros, que representam os
acionistas, e uma diretoria executiva. Os conselheiros, que
não são funcionários mas são
remunerados, reunem-se periodicamente para avaliar decisões estratégicas e nomear os
diretores e o presidente que estarão no dia a dia da empresa.
A lei determina que as companhias abertas tornem público o valor total pagos a seus
executivos e conselheiros ao divulgarem seus resultados financeiros anuais -sem detalhar pagamentos individuais.
O valor estimado para pagamento dos administradores é
apresentado nas assembleias
de acionistas realizadas pelas
empresas para apresentação
das contas, que ocorrem até o
próximo dia 30. Isso significa
que a política de remuneração
dos executivos é decidida a cada ano. A maioria das empresas
ainda não realizou a assembleia
neste ano. Vale e Braskem são
duas das companhias que definem a remuneração dos executivos na próxima semana.
Embora tivesse fixado, em
2008, o teto de R$ 9,8 milhões
para pagar seus administradores, a Petrobras informou ter
gasto R$ 8,2 milhões -valor
que serviu de base para estabelecer o salário deste ano.
Texto Anterior: Roberto Rodrigues: Correspondência pascoal Próximo Texto: Usiminas se antecipa à CVM e já detalha salário da diretoria Índice
|