São Paulo, sábado, 11 de abril de 2009

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Empresas "congelam" aumentos a executivos

Crise leva acionistas a serem austeros em pagamento a diretorias e conselhos Vivo, Petrobras, Bradesco, Usiminas e TIM reduziram ou mantiveram montante destinado a gastos com seus executivos neste ano

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Em tempos de crise e de questionamentos sobre a remuneração de executivos, empresas têm mostrado cautela na fixação da remuneração de seus conselheiros e diretores para 2009. Levantamento da Folha mostra que, em cinco grandes companhias de capital aberto, seus acionistas mantiveram ou reduziram os recursos totais máximos para tais pagamentos, de seis que já definiram os valores deste ano.
Uma das primeiras a sair na frente na redução dos salários dos executivos foi a holding da operadora Vivo, que a controla. O teto baixou 28%, de R$ 5,047 milhões para R$ 3,92 milhões entre 2008 e 2009. A empresa foi seguida pela TIM Participações, que cortou 41%, de R$ 11 milhões para R$ 6,5 milhões, e a Petrobras, que reduziu o máximo em 16%, de R$ 9,8 milhões para R$ 8,2 milhões.
Mantiveram o mesmo patamar de 2008 em pagamentos a seus administradores a siderúrgica Usiminas (R$ 24 milhões) e o Bradesco (R$ 170 milhões). "A decisão de reduzir ou manter seus salários é uma demonstração de austeridade preventiva em relação à crise e vai ser seguida por outras companhias", diz o professor Haroldo Mota, da Fundação Dom Cabral, especialista em governança corporativa.
Das seis companhias verificadas, a Light, concessionária de energia do Rio de Janeiro, foi a única que elevou o pagamento de seus executivos. Foi aprovado em assembleia com acionistas o pagamento global de R$ 1,9 milhão. O valor é 30% superior ao R$ 1,47 aprovado em 2008. A reportagem tentou entrar em contato com a empresa, mas não localizou ninguém para comentar.
Especialistas acreditam que poderá haver outros casos como o da Light. "Diante da crise, a empresa pode estabelecer metas mais ambiciosas do que o normal e estimular os executivos com um prêmio a mais. Mas a política recessiva deverá ser a regra", diz Edison Garcia, superintendente da Amec (Associação dos Investidores do Mercado de Capitais).
A estrutura de administração das companhias abertas compreende um grupo de conselheiros, que representam os acionistas, e uma diretoria executiva. Os conselheiros, que não são funcionários mas são remunerados, reunem-se periodicamente para avaliar decisões estratégicas e nomear os diretores e o presidente que estarão no dia a dia da empresa.
A lei determina que as companhias abertas tornem público o valor total pagos a seus executivos e conselheiros ao divulgarem seus resultados financeiros anuais -sem detalhar pagamentos individuais.
O valor estimado para pagamento dos administradores é apresentado nas assembleias de acionistas realizadas pelas empresas para apresentação das contas, que ocorrem até o próximo dia 30. Isso significa que a política de remuneração dos executivos é decidida a cada ano. A maioria das empresas ainda não realizou a assembleia neste ano. Vale e Braskem são duas das companhias que definem a remuneração dos executivos na próxima semana.
Embora tivesse fixado, em 2008, o teto de R$ 9,8 milhões para pagar seus administradores, a Petrobras informou ter gasto R$ 8,2 milhões -valor que serviu de base para estabelecer o salário deste ano.


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