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Especialistas cobram mudança no INSS
Governo ensaiou mudanças nas normas das pensões no início do 2º mandato de Lula, mas medidas não foram para a frente
Para PT, sistema não
necessita de alteração, pois se
sustenta com crescimento da
economia; PSDB diz que vai
discutir tema na campanha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gargalos na concessão de
benefícios ensejam a revisão
das regras previdenciárias, de
acordo com especialistas consultados pela Folha, embora o
tema passe à margem dos planos de governo dos principais
candidatos ao Planalto.
No início do segundo mandato do presidente Lula, o governo chegou a ensaiar mudanças
nas normas das pensões. Em
2007, Luiz Marinho, então ministro da Previdência, propôs
reduzir o valor do benefício a
70% para novas pensões, mas a
medida não foi levada adiante.
Para o ex-secretário da Previdência Social Helmut
Schwarzer, o sistema previdenciário precisará de ajustes, pois
as projeções indicam que, mesmo com crescimento econômico, o desequilíbrio das contas
passará a ser crescente de 2019
em diante. Em 2050, o deficit
da Previdência poderá alcançar
6% do PIB. Atualmente, está
em 1,4%.
O pesquisador do Ipea Paulo
Tafner diz que o caso brasileiro
é "grave" porque os ganhos na
expectativa de vida têm sido
maiores que em outros países.
E mais ainda no caso das mulheres. "Nos anos 1970, uma jovem de 15 anos se casar com
um homem mais velho não tinha problema por conta da longevidade. Agora, essa diferença
de sobrevida cresceu muito."
Segundo o IBGE, uma mulher de 15 anos no país tem expectativa de viver hoje até 78,7
anos -em 1998, a projeção era
de 76,4 anos. Para os homens
da mesma faixa etária, a expectativa cai para 71,7 anos, em dados atuais.
A Folha questionou os dois
partidos cujos candidatos estão
à frente nas pesquisas de intenção de voto para o Planalto sobre a necessidade de reformar
a Previdência, especialmente
sobre a adoção de regras para
evitar abusos na concessão de
benefícios. O assunto opõe correligionários de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
Ex-ministro da Previdência e
ex-presidente do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) afirma que o atual modelo, mais
solidário, não precisa de mudanças porque se sustenta com
o crescimento da economia.
"Há consenso no PT de que o
tema está mais vinculado ao
crescimento da economia do
que à mudança da regra", diz,
acrescentando que o impacto
das pensões para jovens viúvas
não inviabiliza o sistema.
O deputado federal tucano
Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES)
diz que não há como ignorar o
desequilíbrio no INSS e que
num eventual governo de Serra
o PSDB irá enfrentar a questão.
"Nosso candidato falará sobre isso na campanha. Não faremos o que o PT faz de adotar
a estratégia do avestruz", diz o
ex-prefeito de Vitória e formulador do programa de governo
do partido na eleição deste ano.
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