São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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Alta externa não deve determinar preço, diz governo

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, disse ontem que, apesar de a política de preços dos combustíveis adotada pelo Brasil prever que os valores devam estar alinhados com os do mercado internacional, "não dá para vincular totalmente".
De acordo com o secretário, quando há alta do petróleo e dos seus derivados no mercado externo, como está ocorrendo atualmente, é necessário esperar para saber se o aumento é estrutural ou se está ocorrendo apenas um momento de volatilidade no mercado, com uma tendência à reacomodação posterior.
"Não dá para a Petrobras seguir a conjuntura, causando impactos internos desnecessários", afirmou.
Tolmasquim disse que, quando a Petrobras aumenta seus preços no mercado interno, isso tem impacto sobre os preços de grande parte da cadeia de consumo.
O problema, segundo ele, é que esse impacto não necessariamente se reverte quando, passado o momento de volatilidade do mercado internacional, a estatal reajusta seus preços para baixo.
Esse discurso, na análise do secretário, justifica tanto o fato de a estatal não haver reduzido seus preços no ano passado, quando o petróleo estava em baixa, como o de ela não aumentar agora, com o mercado em alta.

Perdas
"No ano passado, o argumento [para reclamar a queda dos preços] era a perda do consumidor. Agora, é a perda dos acionistas", disse em resposta a uma pergunta sobre se os acionistas da Petrobras não estavam sendo prejudicados com a decisão de não aumentar os preços agora.
Ele disse ainda que o Brasil, com mais de 80% do petróleo que consome produzido em seu território, está relativamente protegido em relação aos problemas do mercado internacional.
Tolmasquim afirmou também que o Brasil já está participando do esforço para reduzir os efeitos da escassez de energia na Argentina, vendendo ao país vizinho 500 megawatts produzidos por termelétricas do Sul, principalmente a de Uruguaiana (RS), pertencente à companhia norte-americana AES.
Segundo Maurício Tolmasquim, tão logo os reservatórios das hidrelétricas da região Sul estejam com suas capacidades recompostas, após os níveis terem baixado com a longa estiagem, o Brasil venderá também energia hidrelétrica aos argentinos.


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