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DIAS DE TENSÃO
Governo tenta conter expansão do país e anuncia que vai limitar os reajustes administrados pelas Províncias
China controla tarifas para conter inflação
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A China anunciou ontem limites a reajustes dos preços controlados pelas Províncias, em mais
uma medida administrativa para
tentar conter a inflação e reduzir o
ritmo de expansão da economia.
A decisão foi adotada no fim do
feriado de 1º de Maio, que paralisou o país durante uma semana.
Além de indicar uma guinada em
direção a uma postura mais intervencionista do Estado, o anúncio
reforça a opção do governo por
medidas administrativas para
tentar esfriar a economia. Antes
do feriado, havia a expectativa de
que o Banco Central elevaria a taxa de juros nesta semana, mas o
primeiro anúncio na volta das atividades governamentais tratou
do controle de preços.
O governo central determinou
que as Províncias suspendam reajustes de preços por três meses
sempre que o índice de preços ao
consumidor da região superar 1%
em um mês ou 4% em três meses.
O ritmo de expansão da economia, que cresceu 9,7% no primeiro trimestre deste ano, tem pressionado a inflação, principalmente em razão da alta na cotação de
matérias-primas. De janeiro a
março, o índice de preços ao consumidor subiu 2,8%.
Esta é a terceira medida de caráter administrativo que o governo
anuncia nas duas últimas semanas com o objetivo de controlar a
atividade econômica e o risco de
aumento excessivo de preços.
A primeira foi a ordem de suspensão de novos projetos em setores vistos como superaquecidos, que já paralisou a construção
de uma siderúrgica com investimentos de US$ 1,2 bilhão. A outra
medida foi a restrição a financiamento de projetos nessas áreas,
principalmente aço, cimento e
construção civil.
O Banco Central elevou ainda
de 7% para 7,5% o percentual dos
depósitos à vista que os bancos
devem deixar imobilizados e não
utilizar para empréstimos. A medida entrou em vigor no dia 25 de
abril e retirou de circulação cerca
de US$ 13 bilhões.
Efeito limitado
Guan Peng, analista da Anbound Consulting, acredita que o
controle de preços terá efeito limitado, porque o peso do Estado na
economia é bem menor hoje do
que há dez anos, quando medida
semelhante foi usada para esfriar
a expansão do PIB.
Além disso, o universo de preços que será atingido é pequeno e
se concentra basicamente nos serviços públicos controlados pelas
Províncias -energia, transporte
e telecomunicações.
"O índice de preços é formado
por produtos alimentícios, bens
manufaturados e serviços. A medida vai atingir apenas os serviços, já que os demais são controlados pelo mercado", observa
Guan.
Guan acredita que o governo
aguardará a divulgação dos dados
econômicos de maio para decidir
se eleva ou não os juros, que estão
inalterados desde 1995. O comitê
de política monetária da China se
reúne a cada três meses, e o próximo encontro será em junho.
A taxa para empréstimos de um
ano está em 5,31%. Com uma inflação próxima de 3%, os juros
reais acabam sendo pouco superiores a 2%, o que significa um
custo muito baixo para o dinheiro. A facilidade de financiamento
é um dos ingredientes da expansão econômica. O principal motor do crescimento são os investimentos em ativos fixos, que tiveram alta de 43% no primeiro trimestre, ritmo considerado insustentável por analistas econômicos
e o governo chinês.
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