|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESTADOS UNIDOS
Taxa sobe 0,25 ponto percentual, para 5%; BC norte-americano não esclarece sobre fim do ciclo de alta
Fed eleva os juros, mas mantém dúvidas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Pela 16ª vez consecutiva e na segunda reunião presidida por seu
novo titular, o Fed, o banco central norte-americano, aumentou
as taxas dos juros básicos da economia do país em 0,25 ponto percentual, para 5% ao ano. Ao mesmo tempo, no entanto, seu presidente, Ben S. Bernanke, soltou comunicado em que não esclareceu
a principal dúvida do mercado: o
ciclo de altas terminou?
A temporada de alta do Fed começou em junho de 2004, quando
a taxa de juros da economia era de
1%. Desde então, saltou para 5%.
O objetivo é controlar a pressão
sobre os preços usando os juros
como forma de inibir o consumo
e desaquecer a economia. Wall
Street esperava que o Fed acenasse que esse aumento seria o último pelos próximos meses. Não
acenou.
No comunicado oficial, o banco
norte-americano diz apenas que
espera uma desaceleração econômica e que uma das razões seria o
"desaquecimento do mercado
imobiliário" -não há a expectativa do estouro da bolha imobiliária, como muitos temiam, mas o
reconhecimento de que esse setor
pare de inflar e até desinche gradualmente. Mas afirma que "possíveis aumentos na utilização de
reservas naturais, aliados a preços
elevados de energia e outras commodities, podem potencialmente
ajudar na pressão inflacionária".
Nesse sentido, o comunicado de
ontem foi um "não-evento", disse
à Folha Ricardo Amorim, diretor
de pesquisas para a América Latina do banco de investimentos
West LB. "Fica no meio do caminho, no sentido de que não fecha
as portas para uma elevação das
taxas nas próximas reuniões, mas
deixa clara a necessidade de elevação hoje e que ela será condicionada aos próximos números da
atividade econômica." Para Richard Yamarone, da Argus Research, "o mercado ficou mais
confuso depois do comunicado
do que antes".
Tal "indecisão", como chamaram alguns analistas, pode ser
creditada ao fato de esta ser a segunda reunião de Bernanke, 52,
que vem de substituir Alan
Greenspan, 80, o "Maestro", todo-poderoso no cargo de 1987 a
janeiro deste ano. Em depoimento recente no Congresso, Bernanke havia indicado que o ciclo de
altas poderia ser interrompido até
que os economistas "conseguissem todos os dados necessários"
para definir as reuniões futuras.
Numa indiscrição cometida há
dois sábados, no entanto, durante
o tradicional jantar da Associação
de Correspondentes da Casa
Branca, no Hilton Hotel de Washington, ele havia dito à repórter
Maria Bartirono, âncora da emissora de notícias CNBC, que o
mercado havia interpretado de
maneira errada seu depoimento
no Capitólio, segundo a repórter.
Efeitos no Brasil
O impacto da pequena alta norte-americana no mercado brasileiro é mínimo, devido às elevadas
taxas de juros praticadas localmente. "A taxa de juros do Brasil
hoje é tão mais alta que a dos EUA
que essas pequenas elevações não
causam grandes diferenças em relação ao fluxo de capital", disse
Amorim, para quem o país tem
fundamentos sólidos, boas perspectivas e deve continuar atraindo bons investimentos, seja em
Bolsa, renda fixa ou diretos.
O mesmo pode não acontecer
em outros países latino-americanos com taxas próximas às dos
EUA, como Chile, Colômbia e
México. Nesses mercados, pequenas variações contam, porque o
diferencial já é mínimo.
Ontem, a Bolsa de Valores de
São Paulo caiu 0,54%, e o dólar fechou estável, a R$ 2,061.
Texto Anterior: Varejo: De olho nos consumidores B e C, Wal-Mart testa loja de vizinhança Próximo Texto: Linha de passe: Futebol faz tabela com solidez na economia, diz banco Índice
|