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Petrobras perdeu dinheiro, diz especialista
Apesar de não reaver valor injetado nas refinarias, estatal tomou decisão "mais sensata dentro do quadro atual", afirmam
Prejuízo na Bolívia deverá ter impacto reduzido no balanço geral da empresa;
para professor da UFRJ, acordo foi mais "simbólico"
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo com o acordo fechado ontem, a Petrobras perdeu
dinheiro com as refinarias na
Bolívia. Ao todo, a estatal investiu US$ 136,6 milhões na compra e nos projetos de modernização e ampliação de capacidade das refinarias no país.
Durante o processo de privatização do setor de petróleo na
Bolívia, a Petrobras pagou US$
104 milhões pelas refinarias.
Desde então, investiu mais US$
32,6 milhões em melhorias.
Para Adriano Pires, diretor
da consultoria CBIE, apesar de
a Petrobras ter perdido dinheiro, a "solução foi a mais sensata" dentro do atual contexto.
É que, desde o decreto de domingo, que fixou o preço dos
petróleo no mercado interno a
US$ 30 o barril e deu a estatal
YPFB o monopólio das exportações, as refinarias ficaram
"com fluxo de caixa zero" e sem
valor de mercado.
"Foi uma saída de bom senso.
E o prejuízo não é tão grande
diante do lucro de cerca de R$ 5
bilhões que a Petrobras deve
ter no primeiro trimestre". A
estatal divulga balanço hoje.
Para Pires, a Petrobras depende do gás e, caso levasse a
questão à arbitragem internacional, poderia "incitar movimentos sociais" na Bolívia.
Para o professor Edmar Almeida, da grupo Economia da
Energia da UFRJ, a negociação
foi mais "simbólica", com o objetivo de marcar uma posição
da Petrobras de não aceitar decisões fora do escopo dos contratos e das regras estabelecidas. A lei boliviana previa a indenização.
"A negociação ficou dura
porque a Petrobras não quis ceder. O prejuízo é pequeno. Ela
quis marcar uma posição dentro de um problema que é muito maior, pois o Brasil depende
do gás da Bolívia num momento em que há risco de suprimento", disse Almeida.
Como há dúvidas sobre os
próximos passos da Bolívia no
processo de nacionalização,
diz, a Petrobras preferiu mandar o recado de que não aceitará quebras de contrato.
Pires afirma, porém, que a estatal deveria ter adotado uma
posição mais firme desde as
ameaças de nacionalização
com a Bolívia, e não só agora.
Bom negócio
Segundo Pires, a Bolívia fez
um bom negócio, pois vendeu
refinarias obsoletas e as reassumiu agora modernizadas e mais
valorizadas. Ele estima em US$
200 milhões o valor das duas.
De acordo com a Petrobras,
durante a sua gestão das unidades na Bolívia, os investimentos "otimizaram os processos"
e permitiram o aumento de capacidade das refinarias. O nível
de produção de diesel aumentou 44%. No caso do gás de cozinha, o aumento foi de 62%.
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