São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Petrobras perdeu dinheiro, diz especialista

Apesar de não reaver valor injetado nas refinarias, estatal tomou decisão "mais sensata dentro do quadro atual", afirmam

Prejuízo na Bolívia deverá ter impacto reduzido no balanço geral da empresa; para professor da UFRJ, acordo foi mais "simbólico"


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo com o acordo fechado ontem, a Petrobras perdeu dinheiro com as refinarias na Bolívia. Ao todo, a estatal investiu US$ 136,6 milhões na compra e nos projetos de modernização e ampliação de capacidade das refinarias no país.
Durante o processo de privatização do setor de petróleo na Bolívia, a Petrobras pagou US$ 104 milhões pelas refinarias. Desde então, investiu mais US$ 32,6 milhões em melhorias.
Para Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE, apesar de a Petrobras ter perdido dinheiro, a "solução foi a mais sensata" dentro do atual contexto.
É que, desde o decreto de domingo, que fixou o preço dos petróleo no mercado interno a US$ 30 o barril e deu a estatal YPFB o monopólio das exportações, as refinarias ficaram "com fluxo de caixa zero" e sem valor de mercado.
"Foi uma saída de bom senso. E o prejuízo não é tão grande diante do lucro de cerca de R$ 5 bilhões que a Petrobras deve ter no primeiro trimestre". A estatal divulga balanço hoje.
Para Pires, a Petrobras depende do gás e, caso levasse a questão à arbitragem internacional, poderia "incitar movimentos sociais" na Bolívia.
Para o professor Edmar Almeida, da grupo Economia da Energia da UFRJ, a negociação foi mais "simbólica", com o objetivo de marcar uma posição da Petrobras de não aceitar decisões fora do escopo dos contratos e das regras estabelecidas. A lei boliviana previa a indenização.
"A negociação ficou dura porque a Petrobras não quis ceder. O prejuízo é pequeno. Ela quis marcar uma posição dentro de um problema que é muito maior, pois o Brasil depende do gás da Bolívia num momento em que há risco de suprimento", disse Almeida.
Como há dúvidas sobre os próximos passos da Bolívia no processo de nacionalização, diz, a Petrobras preferiu mandar o recado de que não aceitará quebras de contrato.
Pires afirma, porém, que a estatal deveria ter adotado uma posição mais firme desde as ameaças de nacionalização com a Bolívia, e não só agora.

Bom negócio
Segundo Pires, a Bolívia fez um bom negócio, pois vendeu refinarias obsoletas e as reassumiu agora modernizadas e mais valorizadas. Ele estima em US$ 200 milhões o valor das duas.
De acordo com a Petrobras, durante a sua gestão das unidades na Bolívia, os investimentos "otimizaram os processos" e permitiram o aumento de capacidade das refinarias. O nível de produção de diesel aumentou 44%. No caso do gás de cozinha, o aumento foi de 62%.


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