São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Agência melhora a avaliação do Brasil

País está agora a um passo de receber o "grau de investimento" da Fitch Ratings; demais agências devem fazer o mesmo

Para conseguir uma nota maior, o país ainda precisa fazer diversas reformas, aumentar o esforço fiscal e desburocratizar o Estado


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A agência de classificação de riscos Fitch Ratings melhorou ontem sua avaliação da dívida brasileira, que está agora a apenas um passo do chamado "grau de investimento", selo de qualidade de "bom pagador" e que permite acesso a crédito farto e barato nos mercados.
A mudança significa que o país está cada vez mais distante de dar um calote em sua dívida. Indica ainda que a economia brasileira mostra uma certa imunidade a crises externas e que poderá receber dinheiro que hoje só está disponível para países e empresas considerados seguros -investimento no Brasil é considerado especulativo para as agências.
Primeira agência a elevar a avaliação do Brasil, a Fitch atribui a mudança a uma melhora significativa nas contas externas brasileiras, que foi acompanhada por uma política fiscal "prudente" (leia-se corte de gastos) e por um aumento na poupança interna.
"O Brasil mostra capacidade de enfrentar potenciais choques de origem externa", disse Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings no Brasil.
A agência cita ainda o aumento de US$ 36 bilhões das reservas internacionais apenas neste ano, que agora somam R$ 122 bilhões e que devem bater em US$ 130 bilhões até o final do ano. Segundo a agência, o montante cobre em 150% as dívidas de curto prazo em moeda estrangeira do país.
O Brasil, no entanto, está ainda distante de obter o grau de investimento por conta de seu alto endividamento. Guedes lembra que, mesmo após a revisão do PIB feita pelo IBGE, o país ainda tem endividamento na casa de 67% do PIB, enquanto Chile e México -dois dos países latino-americanos que já têm "grau de investimento"- somam 19% e 33%.
Segundo Guedes, para receber o "grau de investimento" o país precisa implementar mudanças que permitam alavancar o crescimento, como desburocratização das instituições, reforma tributária e a independência das agências reguladoras e do Banco Central. Deve ainda aumentar o esforço fiscal e fazer a reforma da Previdência. "O Brasil corre muito para ficar parado no mesmo lugar. Tem custo alto e cresce bem menos do que os demais emergentes", disse Guedes.
O rating brasileiro em moeda estrangeira passou de "BB" para "BB+", com perspectiva estável, o que significa que não terá outra revisão em breve.


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