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Agência melhora a avaliação do Brasil
País está agora a um passo de receber o "grau de investimento" da Fitch Ratings; demais agências devem fazer o mesmo
Para conseguir uma nota maior, o país ainda precisa fazer diversas reformas, aumentar o esforço fiscal
e desburocratizar o Estado
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A agência de classificação de
riscos Fitch Ratings melhorou
ontem sua avaliação da dívida
brasileira, que está agora a apenas um passo do chamado
"grau de investimento", selo de
qualidade de "bom pagador" e
que permite acesso a crédito
farto e barato nos mercados.
A mudança significa que o
país está cada vez mais distante
de dar um calote em sua dívida.
Indica ainda que a economia
brasileira mostra uma certa
imunidade a crises externas e
que poderá receber dinheiro
que hoje só está disponível para
países e empresas considerados seguros -investimento no
Brasil é considerado especulativo para as agências.
Primeira agência a elevar a
avaliação do Brasil, a Fitch atribui a mudança a uma melhora
significativa nas contas externas brasileiras, que foi acompanhada por uma política fiscal
"prudente" (leia-se corte de
gastos) e por um aumento na
poupança interna.
"O Brasil mostra capacidade
de enfrentar potenciais choques de origem externa", disse
Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings no Brasil.
A agência cita ainda o aumento de US$ 36 bilhões das
reservas internacionais apenas
neste ano, que agora somam R$
122 bilhões e que devem bater
em US$ 130 bilhões até o final
do ano. Segundo a agência, o
montante cobre em 150% as dívidas de curto prazo em moeda
estrangeira do país.
O Brasil, no entanto, está ainda distante de obter o grau de
investimento por conta de seu
alto endividamento. Guedes
lembra que, mesmo após a revisão do PIB feita pelo IBGE, o
país ainda tem endividamento
na casa de 67% do PIB, enquanto Chile e México -dois dos
países latino-americanos que já
têm "grau de investimento"-
somam 19% e 33%.
Segundo Guedes, para receber o "grau de investimento" o
país precisa implementar mudanças que permitam alavancar o crescimento, como desburocratização das instituições,
reforma tributária e a independência das agências reguladoras e do Banco Central. Deve
ainda aumentar o esforço fiscal
e fazer a reforma da Previdência. "O Brasil corre muito para
ficar parado no mesmo lugar.
Tem custo alto e cresce bem
menos do que os demais emergentes", disse Guedes.
O rating brasileiro em moeda
estrangeira passou de "BB" para "BB+", com perspectiva estável, o que significa que não terá
outra revisão em breve.
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