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Vendas do comércio sobem 9,3% até abril
Desempenho é o melhor desde 2000, segundo a Serasa, com destaque para o varejo especializado, com alta de 12%
Nesse segmento, vendas de eletroeletrônicos puxaram o
aumento devido ao impulso nas importações com a desvalorização do dólar
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
As vendas do varejo bateram
recorde no primeiro quadrimestre, com aumento de 9,3%
com relação ao mesmo intervalo em 2006. O desempenho é o
melhor registrado para o período na série do Indicador Serasa
de Atividade do Comércio, com
análise desde o ano 2000.
O varejo especializado puxou
o crescimento entre janeiro e
abril, com alta de 12,1% no volume de vendas. O impulso se deve ao aumento da oferta de crédito, ao alongamento dos prazos de pagamento, à redução
das taxas de juros e à recuperação da massa salarial. "Esse
segmento inclui a maioria dos
produtos que são vendidos com
financiamento", destacou Luiz
Rabi, assessor econômico da
Serasa, referindo-se a setores
como materiais de construção
e veículos, por exemplo.
O destaque foi o desempenho
dos eletroeletrônicos, com fôlego extra devido ao incremento das importações de bens de
consumo com a desvalorização
do dólar. Para todo o ano de
2007, o Núcleo de Estudos e
Projeções Econômicas da Gouvêa de Souza & MD, consultoria
especializada em varejo, projeta alta de 8% nas vendas em todo o ano de 2007, no comparativo com 2006.
Apesar dessa previsão, o economista-chefe da Gouvêa,
Maurício Moura, afirma que
não há um cenário de valorização cambial que reduza muito
mais os preços dos produtos.
Para ele, esse percentual vai ser
influenciado principalmente
pelo desempenho nos três primeiros meses do ano.
Na pesquisa com mais de
6.000 empresas do varejo em
todo o país, a Serasa constatou
ainda que hipermercados, supermercados, distribuidoras de
bebidas e pequenos estabelecimentos (mercearias, açougues,
quitandas) tiveram crescimento bem menor no período
(6,5%), em parte porque não se
beneficiam com o aumento da
oferta de crédito. "No último
ano e meio, alguns produtos até
tiveram deflação, como o feijão,
que teve queda de 15% no preço", comentou Moura.
Na comparação de abril com
o mesmo mês do ano passado, o
aumento nas vendas foi de
7,6%, com crescimento de
11,8% no varejo especializado e
de apenas 3,9% no varejo de alimentos. "O feriado de Tiradentes caiu em um sábado neste
ano, o que prejudicou as vendas
nos supermercados e favoreceu
a movimentação nos shoppings", comentou Rabi.
Antes desse quadrimestre, o
melhor desempenho nos primeiros quatro meses do ano tinha sido registrado em 2004,
com alta de 8,8% com relação
ao mesmo período no ano anterior. No entanto, como 2003 foi
um ano de freada econômica
devido à desconfiança dos mercados em relação à eleição do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a base de comparação foi
baixa, o que torna o crescimento em 2007 mais significativo.
O economista-chefe da Gouvêa de Souza & MD faz uma
ressalva sobre o momento econômico favorável, com um "cenário de contínuo endividamento do consumidor". De
acordo com a Serasa, a inadimplência dos consumidores já
aumentou 13,3% em março, no
comparativo com fevereiro.
Segundo os últimos dados divulgados, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) prevê um aumento de 23% no saldo das operações de crédito para pessoas físicas em 2007.
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