São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Vendas do comércio sobem 9,3% até abril

Desempenho é o melhor desde 2000, segundo a Serasa, com destaque para o varejo especializado, com alta de 12%

Nesse segmento, vendas de eletroeletrônicos puxaram o aumento devido ao impulso nas importações com a desvalorização do dólar


TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

As vendas do varejo bateram recorde no primeiro quadrimestre, com aumento de 9,3% com relação ao mesmo intervalo em 2006. O desempenho é o melhor registrado para o período na série do Indicador Serasa de Atividade do Comércio, com análise desde o ano 2000.
O varejo especializado puxou o crescimento entre janeiro e abril, com alta de 12,1% no volume de vendas. O impulso se deve ao aumento da oferta de crédito, ao alongamento dos prazos de pagamento, à redução das taxas de juros e à recuperação da massa salarial. "Esse segmento inclui a maioria dos produtos que são vendidos com financiamento", destacou Luiz Rabi, assessor econômico da Serasa, referindo-se a setores como materiais de construção e veículos, por exemplo.
O destaque foi o desempenho dos eletroeletrônicos, com fôlego extra devido ao incremento das importações de bens de consumo com a desvalorização do dólar. Para todo o ano de 2007, o Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas da Gouvêa de Souza & MD, consultoria especializada em varejo, projeta alta de 8% nas vendas em todo o ano de 2007, no comparativo com 2006.
Apesar dessa previsão, o economista-chefe da Gouvêa, Maurício Moura, afirma que não há um cenário de valorização cambial que reduza muito mais os preços dos produtos. Para ele, esse percentual vai ser influenciado principalmente pelo desempenho nos três primeiros meses do ano.
Na pesquisa com mais de 6.000 empresas do varejo em todo o país, a Serasa constatou ainda que hipermercados, supermercados, distribuidoras de bebidas e pequenos estabelecimentos (mercearias, açougues, quitandas) tiveram crescimento bem menor no período (6,5%), em parte porque não se beneficiam com o aumento da oferta de crédito. "No último ano e meio, alguns produtos até tiveram deflação, como o feijão, que teve queda de 15% no preço", comentou Moura.
Na comparação de abril com o mesmo mês do ano passado, o aumento nas vendas foi de 7,6%, com crescimento de 11,8% no varejo especializado e de apenas 3,9% no varejo de alimentos. "O feriado de Tiradentes caiu em um sábado neste ano, o que prejudicou as vendas nos supermercados e favoreceu a movimentação nos shoppings", comentou Rabi.
Antes desse quadrimestre, o melhor desempenho nos primeiros quatro meses do ano tinha sido registrado em 2004, com alta de 8,8% com relação ao mesmo período no ano anterior. No entanto, como 2003 foi um ano de freada econômica devido à desconfiança dos mercados em relação à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a base de comparação foi baixa, o que torna o crescimento em 2007 mais significativo.
O economista-chefe da Gouvêa de Souza & MD faz uma ressalva sobre o momento econômico favorável, com um "cenário de contínuo endividamento do consumidor". De acordo com a Serasa, a inadimplência dos consumidores já aumentou 13,3% em março, no comparativo com fevereiro.
Segundo os últimos dados divulgados, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) prevê um aumento de 23% no saldo das operações de crédito para pessoas físicas em 2007.


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