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Indústria atrai menos investimento externo
Total de ingressos no setor no primeiro trimestre do ano é o menor desde 2005; em relação ao ano passado, queda é de 53%
Investimentos para o setor de serviços tiveram leve alta em relação a 2009; já os para agropecuária e extração mineral quase dobraram
GABRIEL BALDOCCHI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As previsões de crescimento
acima da média para a economia brasileira neste ano ainda
não foram suficientes para convencer os investidores estrangeiros a direcionar recursos para o parque industrial do país.
O nível de investimentos estrangeiros diretos para a indústria no primeiro trimestre deste ano foi o menor desde 2005,
quando o setor atraiu US$ 1,1
bilhão do exterior. O fraco desempenho levanta dúvidas sobre a previsão do governo para
a entrada de aportes estrangeiros neste ano.
Os dólares que ingressam do
exterior para o setor produtivo
contribuem para financiar o
crescimento da economia brasileira. Os investimentos no
parque industrial aumentam a
produção, criam empregos e
geram demanda por fornecedores e serviços locais.
Os recursos também ajudam
a cobrir o deficit em transações
correntes gerado por maior
gasto dos brasileiros no exterior, remessa de lucros para o
exterior e pagamento de juros.
No primeiro trimestre de
2010, o resultado negativo de
US$ 12 bilhões nas contas externas foi o pior para o período
desde 1947.
Do total de ingressos nos três
primeiros meses do ano,
US$ 1,6 bilhão foi para o setor
industrial. O número representa queda de 52,6% em relação
ao mesmo período de 2009.
No ano passado, o mundo
ainda vivia os reflexos da crise
que enxugou investimentos estrangeiros no planeta.
Segundo Daniela Magalhães
Prates, pesquisadora do Cecon
(Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica) da
Unicamp, o resultado negativo
da indústria no primeiro trimestre foi influenciado pelo
real valorizado.
Os investidores estrangeiros
diminuem os aportes na indústria ao perceber que o produto
fabricado no país vai enfrentar
forte concorrência dos importados. Prates crê em recuperação dos investimentos estrangeiros no segundo semestre,
mas reitera que os efeitos do
dólar barato ainda vão pesar.
Pela última revisão do Banco
Central, a expectativa é que o
país atraia US$ 45 bilhões líquidos em investimentos estrangeiros neste ano.
Para o chefe de Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, a queda dos
investimentos na indústria no
primeiro trimestre reflete os
impactos da crise.
"O que se espera é a retomada dos investimentos diretos
para a indústria, mesmo porque a indústria automobilística
está muito bem e o Brasil é plataforma de exportações para a
América Latina."
Lopes descarta que a baixa
tenha sido causada pela cotação do câmbio. "Não pode ter
influência [do câmbio], pois teria afetado o setor de serviços
também."
Os investimentos estrangeiros diretos para o setor de serviços no primeiro trimestre somaram US$ 2,9 bilhões, com leve alta em relação a 2009.
Os ingressos voltados para
agropecuária e extração mineral -US$ 1,3 bilhão- quase dobraram em relação a 2009.
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