São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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COMÉRCIO MUNDIAL

Alca seria modelo

Acordo Mercosul-UE pode ter versão "light"

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A dificuldade em chegar a um acordo sobre a amplitude da liberalização comercial em discussão entre o Mercosul e a União Européia levou os negociadores dos dois blocos a considerar a mesma solução que poderá ser adotada na Alca (Área Livre de Comércio das Américas): uma versão "light" de acordo comercial.
O assessor especial de Política Externa da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse ontem, em Buenos Aires, que os dois blocos não descartam a possibilidade de encerrar as negociações na data prevista, em outubro, em uma versão mais "light".
Ele não quantificou o que seria um acordo mais "light", mas a versão original previa a liberalização comercial substancial do comércio entre as duas partes, condição imposta pela OMC (Organização Mundial do Comércio) para reconhecer um acordo de livre comércio.
Até agora, as propostas trocadas entre os dois blocos prevê que a UE reduza tarifas e barreiras comerciais para 90% do comércio bilateral entre as duas partes, e o Mercosul para 87%. No entanto o restante do comércio, ou seja, o que não está incluído nas propostas, contém as áreas de maior interesse para ambas as partes.
Os 10% excluídos da UE guardam os setores chamados sensíveis, como os produtos agrícolas, que recebem altos subsídios do orçamento comunitário europeu, cujo fim, como quer o Mercosul, mudaria a estrutura de vida e produção no campo na Europa e atingiria em cheio os votos dos políticos europeus, principalmente na França, maior beneficiária da Política Agrícola Comum (PAC).
Os 13% excluídos do Mercosul protegem o setor de serviços e de compra governamentais, que são os mercados que mais interessam aos europeus. Mas o Mercosul protege porque quer guardar munição para as negociações multilaterais na OMC, ou seja, ter moeda de troca.


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