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Vale quer levantar US$ 15 bi para aquisições
Anúncio da empresa de que planeja emitir ações no mercado global é interpretado como intenção de novas compras
Última aquisição da Vale foi
em 2006, quando levou a
produtora canadense de
níquel Inco por US$ 18 bi;
ação cai até 4% na Bolsa
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vale do Rio Doce anunciou
ontem a intenção de fazer uma
emissão primária de ações para
captar US$ 15 bilhões no mercado global. A decisão foi interpretada pelo mercado como
movimento preparatório para
uma megaaquisição nos próximos meses. A Vale disse que a
captação pode, sim, financiar
aquisições, mas servirá também para sustentar o "agressivo programa de crescimento
orgânico e a ampliação da flexibilidade financeira".
A última aquisição de peso da
Vale ocorreu em novembro de
2006, quando venceu a disputa
pela produtora de níquel canadense Inco depois de uma oferta de US$ 18,2 bilhões. De maio
de 2000 até hoje, gastou US$
24,5 bilhões em aquisições.
Em maio de 2007, a Vale
comprou, por US$ 231 milhões,
os ativos da EBM/MBR. Foi o
último negócio. De lá para cá,
não conseguiu mais quebrar o
jejum de compras, apesar de ter
tentado arrematar a canadense
produtora de alumínio Alcan e
a anglo-suíça Xstrata.
"Com a geração de caixa que
a Vale tem hoje, essa emissão
não seria necessária para custear o plano de investimento de
US$ 59 bilhões até 2012. Só a
perspectiva de uma megaaquisição justifica fazer um reforço
de caixa como o anunciado agora", diz uma fonte que acompanha o dia-a-dia da companhia.
Ontem, a ação preferencial A
da Vale recuou 4,10% na Bovespa. O papel ordinário teve recuo de 2,18%.
No primeiro trimestre, a geração de caixa da Vale atingiu
US$ 3,729 bilhões, com crescimento de 17,5% na comparação
com o mesmo período de 2007.
O ingresso de capital no caixa
da Vale deve se acelerar a partir
do segundo trimestre, quando a
empresa começa a receber as
receitas do minério de ferro já
com o reajuste de 75% negociado no início do ano.
A companhia não quis se pronunciar sobre a nova emissão,
mas o mercado tem especulado
sobre os potenciais alvos. Entre
eles, estão a mineradora de ferro Anglo American, a produtora de alumínio Alcoa e as produtoras de cobre Antofagasta e
Freeport-McMoRan, ambas
com forte presença no Chile.
Segundo Rodrigo Ferraz,
analista do mercado de mineração e de siderurgia da Brascan
Corretora, a operação amplia a
reserva de capital tanto para financiar o programa de investimento, que neste ano deverá
receber US$ 11 bilhões, como as
aquisições. Ferraz faz coro com
o mercado ao considerar a operação parte de uma estratégia
que tem como objetivo final assegurar solidez financeira capaz de afastar qualquer revisão
para baixo das avaliações de risco da companhia e, conseqüentemente, a perda do status de
grau de investimento.
"É evidente que a Vale busca
uma estrutura de capital que
não afete a relação dívida líquida sobre Ebitda [geração de caixa]", explica Ferraz. Até o último balanço da Vale relativo ao
primeiro trimestre do ano, a dívida bruta era apenas 1,3 vez
maior que a geração de caixa
-situação confortável do ponto de vista financeiro.
Germano Mendes de Paula,
especialista em mineração e siderurgia e professor da Universidade Federal de Uberlândia,
avalia que, para a Vale, interessa menos o minério de ferro e
mais minerais como alumínio,
cobre e carvão. "Não há nenhum ativo de minério de ferro
no mundo melhor do que a expansão de Carajás. Então, acho
que qualquer negócio na área
de alumínio, cobre ou carvão
faz mais sentido para a Vale
neste momento."
Diluição do capital
O lançamento dos novos papéis da Vale ainda terá de ser
aprovado pelo Conselho de Administração. A decisão pode levar à diluição do capital dos
atuais sócios caso estes não
subscrevam as ações na nova
oferta. No comunicado distribuído ontem ao mercado, a Vale explica apenas que o valor
máximo da oferta será de US$
15 bilhões, incluída a opção de
uma emissão suplementar de
ações ("green shoe").
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