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Brasil usará reservas para emprestar US$ 10 bi ao FMI
É a primeira vez que país ajuda Fundo a socorrer economias em dificuldade
Mantega afirma que
empréstimo não reduzirá
reservas, pois operação
será feita com a compra de
títulos emitidos pelo Fundo
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil usará dinheiro das
reservas internacionais para
emprestar US$ 10 bilhões ao
FMI (Fundo Monetário Internacional). É a primeira vez que
o país ajuda o Fundo a socorrer
economias em dificuldade.
Em abril, o Brasil voltou à lista de credores do FMI, ao adquirir cotas equivalentes a US$
4,7 bilhões. Mas as cotas funcionam como um cheque especial: o país entra na instituição
na condição de credor e só empresta o dinheiro se for solicitado. Já o empréstimo anunciado
ontem ficará disponível no caixa do FMI.
"[O empréstimo] ajuda a encurtar a crise internacional, para que os países em dificuldades possam voltar ao comércio
mundial, possam voltar a importar e a investir. Isso acaba
ajudando os países mais sólidos, como o Brasil, a exportar
mais", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Em nota, Dominique
Strauss-Kahn, diretor-gerente
do FMI, elogiou a iniciativa do
país de "investir" no Fundo
(leia texto abaixo).
O Brasil já havia participado
do clube dos países credores do
Fundo, mas deixou a posição há
27 anos. A história recente do
país era de devedor do FMI. Em
1998, durante a crise da Rússia,
o governo brasileiro recorreu
ao empréstimo do Fundo. Para
isso, teve que se submeter a
uma série de metas econômicas. Foi assim que começou a
fazer economia para pagar os
juros da dívida, o chamado superávit primário. Em 2005, o
país quitou a dívida.
Reservas intactas
Mantega disse que o empréstimo não reduzirá as reservas
internacionais, porque a operação será feita com a compra de
títulos emitidos pelo Fundo.
Na prática, o Banco Central-
que administra as reservas-
vai tirar o dinheiro de alguma
aplicação, como dos títulos do
Tesouro americano, e aplicar
nos títulos do FMI. As reservas
internacionais estão hoje em
US$ 205,3 bilhões.
O ministro disse que a decisão sobre de quais títulos o governo vai se desfazer é do BC,
mas afirmou que provavelmente o governo vai vender "os que
estão rendendo menos". Em
seguida, Mantega admitiu que
os títulos do FMI não deverão
ter rentabilidade alta, porque
isso tornaria o empréstimo aos
países socorridos muito caro.
Ele não deu detalhes sobre as
características dos títulos emitidos pelo FMI. Segundo o ministro, a diretoria do Fundo
ainda trabalha na emissão, que
não tem data para ser feita.
Na última reunião do G20,
em abril, em Londres, os países-membros concordaram em
colocar US$ 250 bilhões à disposição do Fundo. Com isso,
subiria para US$ 500 bilhões a
disponibilidade de empréstimo
do FMI para socorrer os países
que enfrentam dificuldades.
Mantega ressaltou que a China já anunciou empréstimo de
US$ 50 bilhões ao Fundo, e a
Rússia, de US$ 10 bilhões.
Com a ajuda do Brasil, só falta a Índia anunciar sua parte
para que todos os Brics emprestem dinheiro ao Fundo, como foi combinado.
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