São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Brasil usará reservas para emprestar US$ 10 bi ao FMI

É a primeira vez que país ajuda Fundo a socorrer economias em dificuldade

Mantega afirma que empréstimo não reduzirá reservas, pois operação será feita com a compra de títulos emitidos pelo Fundo

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil usará dinheiro das reservas internacionais para emprestar US$ 10 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional). É a primeira vez que o país ajuda o Fundo a socorrer economias em dificuldade.
Em abril, o Brasil voltou à lista de credores do FMI, ao adquirir cotas equivalentes a US$ 4,7 bilhões. Mas as cotas funcionam como um cheque especial: o país entra na instituição na condição de credor e só empresta o dinheiro se for solicitado. Já o empréstimo anunciado ontem ficará disponível no caixa do FMI.
"[O empréstimo] ajuda a encurtar a crise internacional, para que os países em dificuldades possam voltar ao comércio mundial, possam voltar a importar e a investir. Isso acaba ajudando os países mais sólidos, como o Brasil, a exportar mais", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Em nota, Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, elogiou a iniciativa do país de "investir" no Fundo (leia texto abaixo).
O Brasil já havia participado do clube dos países credores do Fundo, mas deixou a posição há 27 anos. A história recente do país era de devedor do FMI. Em 1998, durante a crise da Rússia, o governo brasileiro recorreu ao empréstimo do Fundo. Para isso, teve que se submeter a uma série de metas econômicas. Foi assim que começou a fazer economia para pagar os juros da dívida, o chamado superávit primário. Em 2005, o país quitou a dívida.

Reservas intactas
Mantega disse que o empréstimo não reduzirá as reservas internacionais, porque a operação será feita com a compra de títulos emitidos pelo Fundo. Na prática, o Banco Central- que administra as reservas- vai tirar o dinheiro de alguma aplicação, como dos títulos do Tesouro americano, e aplicar nos títulos do FMI. As reservas internacionais estão hoje em US$ 205,3 bilhões.
O ministro disse que a decisão sobre de quais títulos o governo vai se desfazer é do BC, mas afirmou que provavelmente o governo vai vender "os que estão rendendo menos". Em seguida, Mantega admitiu que os títulos do FMI não deverão ter rentabilidade alta, porque isso tornaria o empréstimo aos países socorridos muito caro.
Ele não deu detalhes sobre as características dos títulos emitidos pelo FMI. Segundo o ministro, a diretoria do Fundo ainda trabalha na emissão, que não tem data para ser feita.
Na última reunião do G20, em abril, em Londres, os países-membros concordaram em colocar US$ 250 bilhões à disposição do Fundo. Com isso, subiria para US$ 500 bilhões a disponibilidade de empréstimo do FMI para socorrer os países que enfrentam dificuldades.
Mantega ressaltou que a China já anunciou empréstimo de US$ 50 bilhões ao Fundo, e a Rússia, de US$ 10 bilhões.
Com a ajuda do Brasil, só falta a Índia anunciar sua parte para que todos os Brics emprestem dinheiro ao Fundo, como foi combinado.


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