São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Temor com dívida eleva retorno de título do governo americano

Preocupação é que EUA não consigam honrar seus compromissos; déficit em maio foi de US$ 190 bi

DA REDAÇÃO

As preocupações com os crescentes déficits e a capacidade de o governo dos Estados Unidos conseguir cumprir seus compromissos no futuro fizeram com que os retornos pagos pelos títulos do Tesouro americano saltassem para o maior nível em cerca de oito meses.
O retorno dos títulos de dez anos do governo americano chegou a bater em 3,99% ontem, o maior valor desde outubro do ano passado, em um leilão em que foram negociados US$ 19 bilhões desses papéis. Para ter uma ideia, anteontem o retorno para títulos com esse mesmo prazo era de 3,85%.
Apesar da boa procura pelos títulos de dez anos do Tesouro dos EUA (considerados os mais seguros do mundo), o aumento do retorno deles superou as expectativas do mercado, mostrando que os investidores querem que o governo pague um prêmio maior para financiar a dívida americana.
Um novo teste para os títulos americanos ocorre hoje, quando serão leiloados US$ 11 bilhões em papéis de 30 anos. A expectativa é a de que os investidores também queiram retornos maiores por esses papéis de prazo mais longo.
Os temores dos investidores são resultado especialmente dos aumentos dos gastos do governo para tentar conter a crise que toma conta da economia americana desde o fim de 2007 e que ganhou mais força a partir de setembro, com a quebra do banco Lehman Brothers.
Só em maio a despesa superou a receita em US$ 189,7 bilhões, fazendo com que o déficit total em oito meses se aproximasse de US$ 1 trilhão. A projeção do governo dos EUA é que terminará o atual ano fiscal (que teve início em outubro de 2008 e se encerra em setembro) com um déficit de US$ 1,84 trilhão, o equivalente a 13% do PIB da maior economia mundial -ou mais que todos os bens e serviços produzidos no Brasil no ano passado.
A base de financiamento dessa dívida são os títulos do Tesouro de longo prazo (como os de dez e 30 anos), e uma das preocupações é se os EUA conseguirão honrar seus pagamentos. Um aumento da dívida também pode significar a volta da inflação alta e, consequentemente, do aumento da taxa de juros, que poderia prejudicar a recuperação econômica.
Segundo o Fed (o BC americano), a economia continuou se enfraquecendo entre a metade de abril e o mês de maio, mas há sinais de que o pior pode ter passado. Algumas regiões dos EUA disseram que a tendência de queda da economia começa a ficar moderada e que as expectativas melhoraram, "apesar de não verem um aumento substancial na atividade econômica até o fim do ano".
Em abril, porém, o déficit comercial avançou pelo segundo mês seguido, para US$ 29,2 bilhões, com queda nas exportações e nas importações, mostrando que os consumidores nos EUA e no exterior ainda não retornaram às compras.


Com agências internacionais


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