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Temor com dívida eleva retorno de título do governo americano
Preocupação é que EUA não consigam honrar seus compromissos; déficit em maio foi de US$ 190 bi
DA REDAÇÃO
As preocupações com os
crescentes déficits e a capacidade de o governo dos Estados
Unidos conseguir cumprir seus
compromissos no futuro fizeram com que os retornos pagos
pelos títulos do Tesouro americano saltassem para o maior nível em cerca de oito meses.
O retorno dos títulos de dez
anos do governo americano
chegou a bater em 3,99% ontem, o maior valor desde outubro do ano passado, em um leilão em que foram negociados
US$ 19 bilhões desses papéis.
Para ter uma ideia, anteontem
o retorno para títulos com esse
mesmo prazo era de 3,85%.
Apesar da boa procura pelos
títulos de dez anos do Tesouro
dos EUA (considerados os mais
seguros do mundo), o aumento
do retorno deles superou as expectativas do mercado, mostrando que os investidores querem que o governo pague um
prêmio maior para financiar a
dívida americana.
Um novo teste para os títulos
americanos ocorre hoje, quando serão leiloados US$ 11 bilhões em papéis de 30 anos. A
expectativa é a de que os investidores também queiram retornos maiores por esses papéis de
prazo mais longo.
Os temores dos investidores
são resultado especialmente
dos aumentos dos gastos do governo para tentar conter a crise
que toma conta da economia
americana desde o fim de 2007
e que ganhou mais força a partir de setembro, com a quebra
do banco Lehman Brothers.
Só em maio a despesa superou a receita em US$ 189,7 bilhões, fazendo com que o déficit total em oito meses se aproximasse de US$ 1 trilhão. A projeção do governo dos EUA é que
terminará o atual ano fiscal
(que teve início em outubro de
2008 e se encerra em setembro) com um déficit de US$ 1,84
trilhão, o equivalente a 13% do
PIB da maior economia mundial -ou mais que todos os
bens e serviços produzidos no
Brasil no ano passado.
A base de financiamento dessa dívida são os títulos do Tesouro de longo prazo (como os
de dez e 30 anos), e uma das
preocupações é se os EUA conseguirão honrar seus pagamentos. Um aumento da dívida
também pode significar a volta
da inflação alta e, consequentemente, do aumento da taxa de
juros, que poderia prejudicar a
recuperação econômica.
Segundo o Fed (o BC americano), a economia continuou se
enfraquecendo entre a metade
de abril e o mês de maio, mas há
sinais de que o pior pode ter
passado. Algumas regiões dos
EUA disseram que a tendência
de queda da economia começa
a ficar moderada e que as expectativas melhoraram, "apesar de não verem um aumento
substancial na atividade econômica até o fim do ano".
Em abril, porém, o déficit comercial avançou pelo segundo
mês seguido, para US$ 29,2 bilhões, com queda nas exportações e nas importações, mostrando que os consumidores
nos EUA e no exterior ainda
não retornaram às compras.
Com agências internacionais
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