São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Congresso dos EUA ameaça barrar contribuição ao Fundo

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Tão logo o anúncio dos US$ 10 bilhões brasileiros veio a público, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, soltou declaração em que elogiou a medida. Com a decisão, disse ele, o país honra o compromisso feito pelos países que participaram da reunião do G20, em abril, em Londres.
"As autoridades brasileiras têm mostrado grande liderança e engajamento no processo todo da reforma do FMI e de expansão de nossos financiamentos" (...) "e vejo com prazer que o país está mostrando seu forte apoio ao sistema financeiro e econômico internacional."
Dias antes, a Rússia anunciara que converteria US$ 10 bilhões dos US$ 120 bilhões que tem em títulos do Tesouro dos EUA em títulos do Fundo, iguais ao que o Brasil adquirirá. Um dos primeiros países a anunciar seu crédito, a China empenhou outros US$ 50 bilhões. Com isso, dos integrantes do grupo-acrônimo Brics, só falta a Índia fazer um anúncio formal de investimento.
São US$ 70 bilhões, ou o equivalente ao PIB da Croácia, que o FMI pretende usar para continuar emprestando dinheiro a economias emergentes e em desenvolvimento.
O problema é que os EUA, principal contribuinte para o aporte extra prometido na reunião do G20, ainda não aprovaram seus US$ 108 bilhões no Congresso. Assim, parte do elogio de Strauss-Kahn ao Brasil foi também um recado para seu maior país-sócio.
A verba norte-americana foi colocada no bojo de uma medida que aprova fundos suplementares para as guerras do Iraque e do Afeganistão -incluir leis secundárias sem relação com a lei principal é um mecanismo costumeiro no Legislativo norte-americano para agilizar a aprovação de verbas.
A medida foi aprovada pelo Senado, mas emperrou na Câmara dos Representantes (deputados federais), onde está sendo discutida desde segunda. A resistência vem principalmente de republicanos que concorrem à reeleição em 2010, quando parte do Congresso será renovada.
Eles temem que a percepção de seus eleitores conservadores seja que os políticos americanos estão aprovando uma "operação-resgate" disfarçada com dinheiro do contribuinte para ajudar países da Europa.


Texto Anterior: Temor com dívida eleva retorno de título do governo americano
Próximo Texto: Dólar sobe com expectativa de aumento dos juros nos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.