São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Expectativa é motor empresarial

DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa renovada de que a situação econômica do país vai melhorar, os juros vão cair e a demanda doméstica aumentará tem sido um dos principais motores dos investimentos no país, segundo analistas ouvidos pela Folha.
De acordo com o economista Fernando Camargo, da LCA Consultores, essa expectativa foi frustrada nos últimos anos na maior parte dos setores da economia. Mas, diz Camargo, a tendência agora é, finalmente, de melhora.
Segundo ele, o desempenho melhor já registrado pelos segmentos dependentes do mercado externo deve começar a atingir, com a recuperação da economia, os setores que dependem da demanda doméstica.
Para Fernando Sarti, economista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as empresas ainda investem, "em primeiro lugar porque ninguém sai vendendo o negócio de uma hora para outra somente porque o momento não é favorável". "Em segundo lugar, as empresas não olham apenas para a rentabilidade. Elas podem querer valorizar sua participação de mercado, a qualidade do produto, investindo na imagem da empresa", afirma.
Segundo Miguel Saint Paul, diretor-geral da Klabin, fabricante de papel e celulose, o objetivo de quem investe no setor "é ter retornos que, no tempo, de maneira sustentada, sejam maiores do que os do mercado financeiro".
Gilberto Braga, professor do Ibmec, concorda, em parte, com Saint Paul. Segundo ele, as empresas investem para tentar garantir uma fatia expressiva do mercado que garanta uma boa rentabilidade de seu negócio em um possível ambiente de queda nas taxas de juros. Mas, diz ele, a capacidade para isso, atualmente, se limita às grandes companhias.
Para Claudio Jacob, professor da Unip (Universidade Paulista), caso não seja considerada a depreciação (mecanismo que permite que as empresas diminuam ano a ano o valor de alguns ativos, contabilizando-as como despesas), a rentabilidade das empresas é bem maior.
Segundo ele, isso significa que, do ponto de vista operacional, as empresas conseguem, em média, retorno melhor do que os de aplicações financeiras e explica por que elas seguem investindo.

Mercado de capitais
Marcelo D'Agosto, do site Fortuna, afirma que o maior desenvolvimento do mercado de capitais local contribuiria para uma retomada mais forte dos investimentos produtivos no país:
"Se isso ocorresse, as empresas teriam maior acesso ao crédito. Hoje, quase toda a poupança financeira é usada para financiar a dívida do governo federal", diz.
(EF e MP)


Texto Anterior: Pela produção: Para Mindlin, juro alto é despropósito
Próximo Texto: Tributos: Projeto quer IR sobre lucro distribuído a sócio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.