São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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PREÇOS

Influência menor de tarifas públicas e valor em queda dos alimentos seguram taxa em agosto em SP e contrariam previsões

Inflação ignora pressão sazonal, diz Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Marcados pelo peso das tarifas públicas, os meses de agosto sempre foram um período de forte pressão inflacionária. Neste ano, esse período vai ser atípico.
A pressão das tarifas públicas será bem menor, e a taxa será puxada para baixo, ainda, pela persistente queda nos preços dos produtos agrícolas -o que normalmente não ocorre nesta época do ano.
Os primeiros dados de inflação referentes a este mês já mostram essa pressão menor. Após fechar julho com taxa de 0,30%, a inflação recuou para 0,19% nos últimos 30 dias até 7 deste mês, bem abaixo do que previa o mercado. Os dados são do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Com o recuo da inflação na primeira quadrissemana deste mês, a taxa poderá não atingir o 0,40% previsto inicialmente para o período. Mas Paulo Picchetti, coordenador do IPC, afirma que ainda vai esperar o comportamento da taxa na próxima semana para fazer uma eventual correção na estimativa.
Um dos principais fatores de recuo na taxa de inflação neste mês será o fim dos "subsídios cruzados". Esses subsídios faziam com que o consumidor residencial pagasse tarifa de energia elétrica maior para que a indústria pudesse ter tarifa menor.
A retirada desse subsídio gerará deflação de 0,07%. Já os aumentos nos preços das assinaturas dos telefones trarão inflação de 0,10%. No balanço, a inflação das tarifas será de apenas 0,03% neste mês.
Os alimentos, produtos que têm a maior volatilidade (altas e baixas constantes) no momento, também devem garantir inflação baixa para o mês. Contrariando o comportamento de anos anteriores, os preços dos alimentos continuam caindo.
Neste início de mês, as maiores reduções vêm dos alimentos industrializados, que estão refletindo agora a queda mais acentuada das matérias-primas registrada há várias semanas.
Entre as pressões, as maiores vêm de saúde e de transportes. No setor de saúde, os paulistanos começam a pagar as novas tarifas cobradas pelos contratos de saúde. No setor de transportes, o reajuste nos preços do álcool atingiu 6%, em média, nos últimos 30 dias.
Picchetti não vê problemas no comportamento da inflação neste semestre. Petróleo e dólar, no entanto, continuam incógnitas para o período. No caso do petróleo, "a dúvida é quando e de quanto será o aumento". No caso do dólar, a recuperação da moeda norte-americana poderá dar novo fôlego aos índices que acompanham os preços no atacado.
Quanto à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da próxima semana, Picchetti, diz que é difícil prever a ação do Banco Central, que seguramente vai pesar os possíveis efeitos do petróleo e da recuperação da atividade industrial.
O mercado está dividido. Parte acha que a taxa de juros fica estável. Outros apostam em uma redução de 0,5 ponto percentual. Para o economista da Fipe, a Selic recua para 18% até o final do ano.


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