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Vencedores do pré-sal poderão pagar bônus
Governo quer cobrar taxa de ganhadores de licitações com o objetivo de antecipar dinheiro para fundo de desenvolvimento social
Critério para definir
vencedor continuará a ser
quem oferecer mais
petróleo ao governo;
bônus deve ter valor fixo
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proposta para explorar o
pré-sal entregue na semana
passada ao presidente Lula ressuscitou a cobrança de bônus
das petrolíferas que ganharem
as licitações na área. Essa foi a
forma encontrada para antecipar parte do dinheiro que só entraria no caixa do governo a partir de 2015, quando o pré-sal começará a ter escala comercial.
O valor cobrado dos vencedores das licitações será transferido para o fundo de desenvolvimento social, cujo capital será
aplicado em investimentos no
Brasil e no exterior e gasto com
projetos da área social e de inovação tecnológica.
A criação do bônus havia sido
descartada ao longo das discussões da comissão que preparou
o marco regulatório do pré-sal.
Dilma Rousseff (Casa Civil) era
contra porque a proposta defendida pelo Ministério da Fazenda era que o dinheiro fosse
para o Tesouro. Nesse caso, poderia ser usado para cobrir
qualquer tipo de gasto da União.
Na nova proposta, o dinheiro
ficará retido no fundo e servirá
para financiar os primeiros investimentos com recursos do
pré-sal. Considerações políticas
também ajudaram a mudar a
posição do governo.
É que, sem cobrar bônus, o
governo teria de esperar até que
a produção do pré-sal chegasse
a níveis comerciais para começar a capitalizar o fundo. No novo modelo, o dinheiro entra
mais rapidamente e permite
que governo antecipe gastos.
Na prática, o que ocorrerá é
uma redução no percentual do
petróleo explorado no pré-sal
que será entregue ao governo.
Em vez de pagar exclusivamente com óleo, as petrolíferas vão
quitar uma parte em dinheiro.
A ideia é que o bônus seja um
valor fixo aplicado a todos os
poços licitados. Mas não será
um dos critérios para determinar o vencedor das licitações.
Isso será feito exclusivamente
pelo percentual de petróleo a
ser oferecido ao governo.
Disputa de poder
O governo também quer antecipar a pesquisa geológica da
área do pré-sal. Para isso, a
ANP (Agência Nacional do Petróleo) vai furar poços para obter informações sobre o potencial de cada região.
Hoje, só a Petrobras e as demais empresas do setor têm esse tipo de avaliação. O governo
crê que, se quiser licitar alguma
área do pré-sal, precisará de informação neutra para determinar o potencial dos campos.
Essa decisão também foi uma
forma de conter as reclamações
da ANP sobre seu papel no novo modelo regulatório. A agência avalia que perderá poder,
principalmente por causa da
criação da nova estatal, a ser
responsável por representar a
União nos contratos do pré-sal.
A nova empresa terá participação no comitê que gerencia
os custos de exploração em cada campo. Isso quer dizer que
toda decisão empresarial terá
de ser chancelada pelo governo.
A ANP deseja que o poder de
fiscalizar se a partilha da produção está sendo feita corretamente continue sob sua alçada.
Lula ainda terá de arbitrar
outras disputas no governo sobre o marco regulatório do pré-sal. A principal é sobre o percentual de participação mínima que a Petrobras terá nos
consórcios vencedores das licitações. A estatal quer 30%, mas
o grupo de ministros que discutiu o assunto acha muito alto.
A divisão dos recursos gerados na exploração do pré-sal
também promete gerar polêmica. Lula quer reduzir o percentual repassado a Estados e municípios, mas terá de negociar
com aliados como o governador
do Rio, Sérgio Cabral (PMDB),
que não quer abrir mão do dinheiro que obtém hoje.
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