São Paulo, terça-feira, 11 de agosto de 2009

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Carro a álcool segura consumo de combustíveis

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O consumo crescente de álcool ajudou a manter a venda de combustíveis no país no mesmo patamar pré-crise -51 milhões de metros cúbicos entre janeiro e junho, o mesmo registrado em igual período de 2008. Mais sensível ao ritmo dos setores produtivos da economia, a venda de óleo combustível e de diesel, porém, ainda está em declínio.
Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo), embalada pela retomada da venda de veículos novos, a venda de álcool hidratado cresceu 26,5% nos seis primeiros meses do ano ante igual período de 2008.
O consumo de álcool nas bombas saltou de 6 milhões de metros cúbicos para 7,7 milhões de metros cúbicos, o que representa 63% do volume de gasolina consumido. A venda de gasolina se manteve estável (12 milhões de metros cúbicos).
A venda de diesel, que tem uso predominante no transporte rodoviário de cargas, caiu 4,8% e fechou em 20,7 milhões de metros cúbicos.
O consumo de óleo combustível, usado em larga escala pela indústria, encolheu 8,6%. O número reflete o tombo do setor: na semana passada, o IBGE havia divulgado que a produção industrial caiu 13,4% no primeiro semestre, o pior resultado em 33 anos.
A ANP prefere comparar o consumo de combustíveis no primeiro semestre com 2007. Nessa comparação, a evolução no volume geral foi de 10%.
"O ano de 2008 foi muito atípico. Tivemos um crescimento forte no início do ano e, depois, uma forte queda. Comparar com 2007 elimina essas distorções", diz o diretor da agência Allan Kardec Duailibe.
O consumo de GNV (Gás Natural Veicular) encolheu 13,8% neste ano, resultado, de acordo com a ANP, da vantagem econômica do preço do álcool e do encarecimento do gás natural. Para os donos de carros que rodam com etanol, a melhor notícia é a queda no preço do combustível no período, de 5,95%, mesmo com o consumo maior.
Essa redução no preço resulta de um período de safra mais extenso. O menor volume de exportações, sobretudo para os Estados Unidos, mergulhados na crise financeira, aumentou a oferta no mercado brasileiro, ajudando também a derrubar os preços, diz a ANP.
O preço do óleo diesel recuou 5,12%, por atuação do governo federal como medida para atenuar os efeitos da crise econômica, em abril.
A ANP assinou ontem o Plano de Abastecimento do Diesel S-10. O combustível tem 80% menos enxofre do que o diesel S-50, que é fornecido hoje às frotas de São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza e Belém, e 98% menos enxofre do que o diesel fornecido ao resto do país. O S-10 começa a ser vendido em janeiro de 2013.

Usinas em crise
A ANP afirmou que mantém um grupo em constante monitoramento da oferta de álcool, atento à situação financeira das usinas.
Segundo Duailibe, até o momento não houve necessidade de intervenção, mas, caso a crise provoque a quebra de alguma empresa a ponto de interferir na demanda, há um plano de contingência que prevê a criação de estoques reguladores.
"Não há risco de falta de etanol devido à crise financeira das usinas", disse Duailibe. O diretor não quis dar detalhes sobre o plano.


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