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FINANÇAS
Empréstimo poderá ser de três a cinco vezes o salário; regras devem ser concluídas nesta semana
Crédito descontado em folha terá teto
SÍLVIA MUGNATTO
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo vai limitar o valor
dos empréstimos que os trabalhadores poderão tomar nos bancos
com garantia de desconto no contracheque. A Folha apurou que o
teto para a operação ficará entre
três e cinco vezes o valor do salário líquido do funcionário.
A previsão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, é
concluir ainda nesta semana as
regras que autorizarão esse tipo
de operação. Esse será mais um
mecanismo para estimular o nível
de atividade econômica por meio
do aumento do consumo.
A medida provisória criando o
desconto em folha também beneficiará os aposentados do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social). Eles poderão contratar operações de crédito e os bancos poderão deduzir as prestações do
valor do benefício.
A medida provisória criará três
tipos de situação. Na primeira, a
empresa poderá fechar um acordo com os bancos definindo parâmetros para o empréstimo entre
empregados e instituição financeira -mas o acordo tem de ser
aprovado pelo sindicato ou pela
central sindical que represente o
trabalhador.
A exigência, feita pelas centrais
sindicais, foi negociada ontem à
tarde entre representantes da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), da Força Sindical e do
governo federal.
Na segunda situação, o acordo
será negociado entre sindicatos e
bancos, beneficiando os associados da entidade. "A empresa tem
nesse caso de aceitar as condições
do acordo firmado", diz Luiz Marinho, presidente da CUT. A MP
surgiu de proposta apresentada
pela central há cerca de dois meses ao governo Lula.
Na terceira situação, o trabalhador pode negociar diretamente
com a instituição financeira o empréstimo, e o desconto será feito
na folha de pagamento. A MP ainda prevê que poderão ser realizadas operações de financiamento,
arrendamento mercantil e empréstimo pessoal.
"Os sindicatos e as centrais serão de fato os grandes fiscalizadores das taxas de juros", diz Paulo
Pereira da Silva, presidente da
Força Sindical. "A central também pode negociar taxas mais
atraentes na medida em que representa milhões de trabalhadores, e os acordos podem ser feitos
em nível nacional com as instituições financeiras."
As centrais já foram procuradas
por vários bancos interessados
em fazer acordos. "Mas os juros
ainda estão bem longe do que desejamos", diz Marinho, sem detalhar as ofertas recebidas.
"Para fechar um acordo, ele tem
de ser realmente bom. Afinal, mexer na folha de pagamento é mexer em algo sagrado para o trabalhador", diz Paulinho.
Limite das prestações
As prestações para amortização
da dívida serão fixas e estarão limitadas a 30% do salário líquido
do funcionário -após desconto
de Imposto de Renda, contribuição previdenciária e pensão alimentícia judicial, além de outras
obrigações.
A Folha apurou que os bancos
já avisaram ao governo que o seu
limite para empréstimos será de
três vezes o salário líquido. Ou seja, mesmo que o governo fixe um
limite maior, ele não deverá ser
utilizado. Os limites para desconto e empréstimo serão fixados em
uma regulamentação específica.
O principal objetivo da medida
do desconto em folha é aumentar
a competição entre os bancos,
permitindo a redução dos juros
cobrados dos consumidores.
Além disso, o desconto em folha
jogará por terra o principal argumento do mercado financeiro para o alto custo dos empréstimos
no Brasil: a inadimplência.
Fora da pauta
O governo desistiu de oferecer
parte das indenizações trabalhistas como garantia em caso de demissão do trabalhador. A idéia
original era permitir que os bancos utilizassem 25% da indenização para quitar parte ou a totalidade do empréstimo.
Mas os técnicos chegaram à
conclusão de que essa garantia
não resultaria em uma taxa de juros menor para o empréstimo.
Portanto, os contratos terão de
prever o que será feito em caso de
demissão do trabalhador antes da
quitação do empréstimo.
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